Navio da Marinha Portuguesa chega a Cabo Verde para assistência após devastadoras cheias

O NRP Sines atracou hoje no porto de São Vicente, trazendo a bordo 56 militares prontos para apoiar os esforços de remoção de escombros e fornecer água potável ao hospital local, após as devastadoras cheias que causaram a morte de nove pessoas na ilha.

O ministro da Administração Interna de Cabo Verde, Paulo Rocha, explicou que a presença do navio permitirá realizar pesquisa hidrográfica, reforçar a equipa de mergulhadores e aumentar a capacidade de bombagem de água. “Ainda existem áreas com água acumulada, especialmente nas residências, e a colaboração com a Proteção Civil será fundamental para identificar as zonas onde podemos intervir”, afirmou Rocha durante a chegada do navio ao porto do Mindelo.

A tempestade que atingiu a ilha na passada segunda-feira deixou um rasto de destruição, afetando casas, estradas e pontes, e inundando bairros inteiros. O NRP Sines vem equipado com drones para recolha de imagens aéreas em locais de difícil acesso e mergulhadores prontos para apoiar a população, além de dispor de capacidades hidrográficas caso as autoridades cabo-verdianas solicitem assistências adicionais.

Embora muitos esforços já tenham sido feitos nos últimos dias, segundo o ministro, desafios persistem. “A cidade está a recuperar, mas a ajuda do navio será um enorme suporte”, destacou, mencionando ainda que o navio conseguiu já fornecer 10 toneladas de água, crucial para o funcionamento do centro de hemodiálise do Hospital Batista de Sousa, enquanto as autoridades locais trabalham para restaurar os serviços de água que foram severamente afetados.

Além disso, o NRP Sines tem a capacidade de bombear água diretamente do mar e dessalinizá-la, possibilitando o fornecimento de água a outras ilhas, como Santo Antão, que possui uma reserva significativa.

O conselheiro da Embaixada de Portugal em Cabo Verde, Nuno Félix, enfatizou a importância da colaboração entre as autoridades locais, militares e sociedade civil durante este período de reconstrução.

O Governo cabo-verdiano declarou um estado de calamidade em várias áreas, incluindo São Vicente e Porto Novo, e a Câmara Municipal iniciou a distribuição de subsídios às famílias das vítimas, ao mesmo tempo que prepara medidas de apoio para os desalojados.

Pelo menos uma mulher foi resgatada com vida e ainda há uma pessoa desaparecida.

Vários países, entre os quais Timor-Leste, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe, já expressaram solidariedade a Cabo Verde neste momento crítico.