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Moradores deslocados em Pemba enfrentam ameaça crescente de erosão

No bairro Mahate, perto de Pemba, famílias deslocadas por terrorismo lutam contra uma vala que se alarga perigosamente, colocando suas casas em risco.

18/08/2025 06:05
Moradores deslocados em Pemba enfrentam ameaça crescente de erosão

No bairro Mahate, localizado nas imediações de Pemba, várias famílias que fugiram dos ataques terroristas em Cabo Delgado debatem-se agora com um problema emergente: uma cratera de 500 metros, cuja profundidade atinge os 50 metros, que alarga anualmente e ameaça engolir suas habitações.

Sofia Gabriel Mussa, de 36 anos, é uma dessas residentes. "Não temos condições, estamos a viver assim mesmo", manifesta, enquanto observa a vala que se aproxima da estrada Nacional 1 (N1), a apenas dois metros do asfalto. Sempre que chove, a água é levada para a baía da cidade, colocando as casas em maior risco.

Com sete filhos, o mais pequeno com apenas três meses, Sofia deixou Macomia e rumou para Pemba há três anos, após um ataque devastador. O ataque que a forçou a fugir tirou a vida do seu irmão, brutalmente assassinado pelos insurgentes.

"Um problema de guerra. Mataram e muitas pessoas estão aqui", desabafa Sofia, que recorda como a cova era pequena quando chegou, mas que agora não para de crescer, especialmente desde 2023, colocando em perigo também um estaleiro local que tenta implementar soluções temporárias a expensas próprias.

Com os receios crescendo na comunidade, Sofia partilha que, no ano anterior, uma criança foi encontrada desmaiada após cair na cova. As chuvas, que ocorrem de outubro a abril, apenas agravam a situação. Enquanto isso, a Administração Nacional de Estradas (ANE) menciona que são necessários 100 milhões de meticais (cerca de 1,3 milhões de euros) para mitigar a erosão que ameaça isolar Pemba se a N1 for cortada.

Valige Tauabo, governador de Cabo Delgado, reconheceu os desafios financeiros para uma intervenção significativa, mas assegurou que a situação será abordada antes da próxima estação chuvosa.

Sofia, que foi escolhida para liderar dez casas no seu bairro, continua a aguardar por soluções das autoridades, temendo retornar a Macomia devido à insegurança. "Estou a arriscar viver com uma fenda a crescer", diz, enquanto compartilha suas preocupações sobre a situação.

Samuel Matias Tomás, um estudante de 19 anos que também fugiu da violência, sente a tensão diária na sua nova casa. "Estamos a pedir ajuda. Muitas casas se perderam aqui", declara, angustiado com o crescimento da fenda.

Anifa Sufo, de 22 anos, reconhece o risco que as crianças enfrentam enquanto brincam nas proximidades. "Estamos a sentir medo com essa cova. Se alguém cair...", expressa, apelando por ações rápidas das autoridades para evitar um desastre iminente.

Atimo Ausse Ibraimo, de 41 anos e um dos poucos que nasceu no bairro, lamenta a lenta resposta das autoridades. "A cova está a andar e vai destruir todas as nossas casas", afirma, enquanto observa a distância crescente que agora precisa percorrer para visitar os primos.

Com medo que a situação se agrave durante as próximas chuvas, todos pedem, em uníssono, uma solução urgente para salvaguardar as suas vidas e habitações.

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