Cultura

Mohammad Rasoulof é o primeiro laureado do Prémio Cidade de Paz em Locarno

O cineasta iraniano Mohammad Rasoulof recebe o inédito Prémio Cidade de Paz no Festival de Locarno, reconhecido por abordar temas sociais e políticos com impacto.

11/08/2025 23:50
Mohammad Rasoulof é o primeiro laureado do Prémio Cidade de Paz em Locarno

O realizador iraniano Mohammad Rasoulof, atualmente exilado na Europa, foi o escolhido para receber a primeira edição do Prémio Cidade de Paz durante o 78.º Festival Internacional de Cinema de Locarno, cuja abertura teve lugar na passada quarta-feira na Suíça.

Este prémio, uma iniciativa da cidade de Locarno em colaboração com o festival, tem como objetivo celebrar "figuras da Cultura que se destacam pela promoção da paz, diplomacia e diálogo entre povos", conforme foi declarado numa nota oficial do festival.

O júri decidiu atribuir este primeiro galardão a Rasoulof, elogiado como "um criador marcante de cinema poético e político, cuja obra investiga com profundidade questões como liberdade, responsabilidade individual e dignidade humana".

Com 52 anos, Rasoulof foi condenado em janeiro de 2024, em Teerão, a uma pena de prisão de oito anos e a flagelação. Temendo pela sua liberdade, decidiu fugir do Irão, onde já havia conquistado reconhecimento internacional. Este ano, no Festival de Cannes, foi laureado com dois prémios por 'A Semente da Figueira Sagrada': o prémio da crítica internacional e o prémio do Júri Ecuménico.

Considerado uma das principais vozes de oposição ao regime conservador iraniano, Rasoulof foi capaz de apresentar o seu filme em Cannes após ter buscado refúgio na Alemanha. A sua obra 'A Semente da Figueira Sagrada' também lhe rendeu o Grande Prémio no festival LEFFEST, em Lisboa, onde interagiu com o público sobre o filme.

Além dos seus notáveis trabalhos, conta com o filme 'O Mal Não Existe', que lhe valeu em 2020 o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim.

Estabelecido para ser atribuído a cada dois anos, o Prémio Cidade de Paz pretende sublinhar o papel de Locarno como símbolo de diálogo e coexistência pacífica, celebrando também o centenário dos Tratados de Locarno de 1925, um marco relevante na diplomacia europeia.

O 78.º Festival Internacional de Cinema de Locarno culminará no próximo sábado.

Enquanto isso, o filme 'As Estações', realizado por Maureen Fazendeiro, estreou hoje em competição no festival, disputando tanto o principal prémio como o Leopardo Verde, direcionado a projetos que têm em conta o ecossistema.

Esta obra, a primeira longa-metragem documental da cineasta, foi completamente filmada no Alentejo, conforme revelou a produtora O Som e a Fúria.

Na competição internacional, destaca-se também 'Mare's Nest', de Ben Rivers, que recebeu apoio do Batalha - Centro do Cinema no Porto e cuja estreia nacional está agendada para dezembro, “em sala e em exposição”.

Fora da competição, exibe-se o documentário 'Nova '78', dirigido por Aaron Brookner e Rodrigo Areias, que aborda a célebre convenção ocorrida em 1978 em Nova Iorque, reunindo uma geração de artistas e intelectuais.

Inserido no programa Open Doors Screenings, em colaboração com a Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação, será exibido 'Nome', de Sana Na N'Hada, e 'Omi Nobu', de Carlos Yuri Ceuninck.

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