Ministério Público reafirma compromisso na prova da acusação da Operação Marquês
O Ministério Público expressou a sua determinação em provar a acusação na Operação Marquês, enquanto as defesas confrontaram as alegações e pediram a absolvição dos arguidos.

O Ministério Público (MP) afirmou hoje que está decidido a "lutar" para demonstrar a veracidade dos factos apresentados na acusação da Operação Marquês. Durante a sessão, o procurador Rómulo Mateus afirmou: "Bater-nos-emos para dar como provados os factos da acusação, daremos o nosso melhor", destacando o seu comprometimento com o caso e a seriedade da acusação.
Enquanto alguns advogados de defesa optaram por não fazer declarações iniciais, outros refutaram as acusações e solicitaram a absolvição dos seus clientes. O advogado de José Sócrates, Pedro Delille, manifestou a vontade do ex-primeiro-ministro em que o julgamento seja transmitido na íntegra pelos canais CMTV e Now, argumentando que a não transmissão compromete a transparência do processo. Delille criticou ainda a cobertura mediática do caso desde a detenção de Sócrates em Paris, sugerindo que já se havia feito um julgamento nas "praças públicas".
Francisco Proença de Carvalho, defensor do ex-banqueiro Ricardo Salgado, que não se apresentou ao tribunal devido a um diagnóstico de Alzheimer, denunciou a violação dos direitos de defesa do seu cliente. Proença de Carvalho afirmou que o tribunal deve considerar o diagnóstico e as suas implicações na capacidade de Salgado de ser julgado, insistindo que a acusação não possui fundamento sólido, definindo-a como uma mera "teoria".
O advogado de Zeinal Bava, José António Barreiros, negou qualquer ilegalidade nas transações com o Grupo Espírito Santo (GES), assegurando que estas provinham de um contrato legítimo e completamente cumprido. Por sua vez, Dirce Rente, defensora de Henrique Granadeiro, enfatizou que a operação de aquisição da PT pela Sonae estava em conformidade legal, afastando qualquer sugestão de gestão descontrolada da empresa por parte do BES.
No final da sessão, José Sócrates provocou a juíza Susana Seca ao questionar sobre eventuais advertências antes da sua identificação, fazendo alusão à sua recusa em acatar uma decisão anterior da juíza.
Este julgamento, que se inicia onze anos após a detenção de Sócrates no aeroporto de Lisboa, envolve o ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos, totalizando 117 crimes, incluindo corrupção e fraude fiscal. Estão programadas 53 sessões até ao final do ano, com 225 testemunhas a serem ouvidas pelo MP e cerca de 20 pela defesa dos arguidos.