Médico em causa por cirurgias adicionais: Auditoria não encontra irregularidades
Um ex-diretor do serviço de dermatologia afirmou que médico não deveria codificar procedimentos, mas auditoria não detetou erros. Questões sobre a gestão de cirurgias surgem na Comissão de Saúde.

O ex-diretor do serviço de dermatologia da Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria, Paulo Filipe, declarou ao parlamento que o médico Miguel Alpalhão, acusado de receber avultadas quantias por cirurgias adicionais, não deveria ser o responsável pela codificação desses atos. Contudo, a auditoria interna realizada não apontou qualquer irregularidade.
"Ele foi codificador num primeiro momento, mas houve uma alteração nesse processo. No entanto, ele não deveria codificar os seus próprios atos. A auditoria, que é independente, não encontrou nenhuma desconformidade na codificação. Não há evidências de um erro grave no processo", explicou Filipe durante a sua audição na Comissão de Saúde, a pedido dos partidos Iniciativa Liberal e Chega.
A situação em questão envolve a utilização do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que poderá ter permitido a Alpalhão receber quantias significativas por realizar operações aos sábados. O ex-diretor esclareceu que a codificação final das cirurgias depende da análise dos tumores, que nem sempre está disponível no dia do procedimento, o que pode atrasar o pagamento.
Além disso, Paulo Filipe elogiou Alpalhão, chamando-o de "um dos melhores alunos de sempre" da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e comentou sobre a escassez de médicos no serviço de dermatologia, que tem enfrentado dificuldades para recrutar novos especialistas.
O médico reforçou que, no Hospital Santa Maria, os contratos para novos dermatologistas são de 40 horas semanais, o que dificulta a atratividade da posição, uma vez que outros hospitais oferecem horários mais flexíveis de 20 horas. Quanto a controles de qualidade nas cirurgias realizadas, Filipe referiu que desconhecia os 12 momentos automáticos citados pelo presidente do hospital, indicando que na sua área de atuação o controlo clínico era realizado principalmente pelos profissionais médicos e de enfermagem.