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Manipulação de Algoritmos: O Impacto nas Redes Sociais e na Política

há 9 horas

Investigador alerta que algoritmos de redes sociais podem ser manipulados para favorecer certos conteúdos, influenciando a opinião pública e a dinâmica política.

Manipulação de Algoritmos: O Impacto nas Redes Sociais e na Política

Os algoritmos utilizados nas redes sociais são projetados para se adaptar às preferências dos utilizadores e, principalmente, para maximizar os lucros das plataformas. Esta afirmação é sustentada por José Moreno, investigador do MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE-IUL), numa entrevista à Lusa.

Moreno destaca que "os proprietários e gestores das plataformas têm a capacidade de alterar os algoritmos, o que abre a porta para manobras que privilegiam determinados resultados." Neste contexto, menciona que o X, agora sob a direção de Elon Musk, ilustra bem a influência política nas redes sociais, observando alterações que indicam uma tendência a favorecer conteúdos mais alinhados à direita política.

Segundo o investigador, partidos extremos são mais propensos a explorar temas controversos, ganhando assim visibilidade nas plataformas digitais. Ele sublinha que "o Chega é atualmente o partido populista em Portugal", lembrando que o Bloco de Esquerda tinha um perfil semelhante quando surgiu, apresentando um discurso radical que se distanciava do que existia até então.

José Moreno argumenta que esses partidos costumam utilizar "comunicação política mais incisiva e emotiva", ao contrário dos partidos moderados, que precisam de apelar a uma base eleitoral mais conservadora.

Bruno Gonçalves, eurodeputado do Partido Socialista, alerta para o risco de ignorar a presença de discursos polarizadores nas redes. Para ele, é essencial que o legislador assegure que os algoritmos na União Europeia sejam "livres, transparentes e neutros", permitindo que todas as opiniões sejam ouvidas sem favoritar uma em detrimento de outra.

João Oliveira, eurodeputado do PCP, defende que as redes sociais não devem estar acima de regras de transparência, pois isso seria incompatível com os princípios democráticos, alertando para a inaceitabilidade da promoção de discursos de ódio por parte das plataformas.

Francisco Louçã, ex-líder do Bloco de Esquerda, critica a manipulação dos algoritmos em benefício próprio, citando o caso de Musk, mas ressalta que a presença ativa nas redes também é uma forma de combater o extremismo.

Por sua vez, Mário Amorim Lopes, deputado da Iniciativa Liberal, admite que o partido já abordou o uso do X, reconhecendo que "o algoritmo tende a favorecer o confronto e a polarização", o que gera mais interações. Para ele, os algoritmos deveriam ser de código aberto para garantir escrutínio e evitar seu uso político tendencioso.

A pesquisa aponta que, nas eleições de fevereiro na Alemanha, houve tentativas de manipular algoritmos no X e no TikTok para difundir mensagens de apoio à extrema direita, conforme revela a Democracy Reporting International (DRI) e a ONG Global Witness.

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#ManipulaçãoAlgoritmos #LiberdadeDeExpressão #TransparênciaDigital