Manifesto em Valência Adiado Após Apagão Generalizado

Organizadores que pretendiam reunir a população desta segunda-feira em Valência para recordar os seis meses desde as inundações e exigir responsabilidade ao governo regional anunciaram a suspensão do evento. A decisão decorreu do apagão que atingiu toda a Península Ibérica e provocou uma situação de emergência que impõe cautela.

“Por responsabilidade e face à situação de alarme”, justificaram os porta-vozes da plataforma composta por cerca de 200 associações e entidades. As manifestações, reunindo centenas de milhares de pessoas em ocasiões anteriores, foram criadas para denunciar a negligência e a falta de decisões firmes do governo regional, sempre associadas ao lema “Mazón, dimisión”, referindo-se ao presidente Carlos Mazón.

As críticas concentram-se sobretudo na forma como os alertas ao temporal foram comunicados, já que muitos argumentam que as vítimas não puderam ser salvas devido ao envio tardio dos avisos da proteção civil. O primeiro relatório da investigação judicial sobre as responsabilidades políticas indica que a maioria dos infortunados faleceu antes de terem acesso aos alertas nos seus telemóveis.

A manifestação de hoje, prevista como a sétima do movimento, não será realizada; no entanto, os organizadores mantêm uma reunião prevista para terça-feira, a ocorrer num dos locais onde se realiza o congresso do Partido Popular Europeu, que contará, entre outros, com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A continuidade dependerá da normalização da situação energética.

Enquanto o apagão persiste, afetando também regiões do sul da França, as autoridades portuguesas e espanholas não identificaram ainda as causas do corte energético, aumentando a incerteza num momento já marcado por perdas irreparáveis.