Macau Avança para Implementação da Pataca Digital no Comércio com Países Lusófonos

O secretário para a Economia e Finanças de Macau, Anton Tai Kin Ip, anunciou hoje que o desenvolvimento do sistema da pataca digital está agendado para ser concluído até 2025. Esta moeda digital terá como objetivo servir de instrumento para a liquidação de transações comerciais entre a China e as nações de língua portuguesa.

Durante uma sessão na Assembleia Legislativa, Tai afirmou: "A nossa expectativa é que a pataca digital se torne uma ferramenta essencial nas transações comerciais, abrangendo tanto compras a retalho como posteriormente aplicações em grossista." O secretário acrescentou que a intenção é expandir a utilização da moeda digital além fronteiras, conectando-se com plataformas nos países lusófonos.

Desde 2003, Macau foi destacado por Pequim como a plataforma ideal para a cooperação com o bloco lusófono, tendo sido criado o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Uma delegação liderada por Tai visitou recentemente Lisboa, onde se reuniu com autoridades do Banco de Portugal, discutindo o fortalecimento das relações nas áreas de ciência, tecnologia, economia e comércio.

O secretário revelou também que pretende realizar visitas a mais países da CPLP para promover a aceitação da pataca digital. Ele salientou que a nova moeda permitirá a circulação livre através das fronteiras de Macau, numa economia que favorece o fluxo de capitais. Em contraste, o renmimbi, a moeda chinesa, não tem total convertibilidade e está sujeito a restrições rígidas por parte das autoridades de Pequim.

As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 225,2 mil milhões de dólares no último ano, refletindo um aumento de 2% face a 2022, de acordo com o que reportam os Serviços de Alfândega da China.

O protótipo da pataca digital (e-Mop) foi introduzido a 12 de dezembro, antes da conclusão do mandato do antigo chefe do Governo, Ho Iat Seng. Em setembro, o regulador financeiro da região indicou que a pataca digital poderia servir como modelo para os países de língua portuguesa.

Benjamin Chan Sau San, presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), destacou que a e-Mop será uma moeda de curso legal, análoga às notas e moedas físicas, ao contrário das criptomoedas privadas, como a Bitcoin. Antes da sua emissão oficial, a AMCM planeia realizar testes para identificar potenciais riscos e elaborar um quadro regulatório.