Em Lisboa, milhares juntaram-se à manifestação do Dia do Trabalhador, clamando por aumentos salariais e soluções para a crise da habitação. A luta por melhores condições de vida ressoou nas ruas.
Na passada quinta-feira, centenas de pessoas percorreram a Avenida Almirante Reis, em Lisboa, para assinalar o Dia do Trabalhador num contexto de crescente custo de vida e principais preocupações relativas à habitação. O desfile, organizado pela CGTP, teve início no Largo do Martim Moniz às 14h30 e, soube-se, já se aproximava das 15h30 quando se começou a movimentar.
Com faixas, bandeiras e cartazes em mão, trabalhadores, reformados e jovens uniram-se para exigir melhorias salariais, entoando gritos como "É justo e necessário o aumento do salário" e "Reconhecimento não paga renda, salário sim". A questão da habitação destacou-se especialmente na manifestação deste ano, com muitos relatos de dificuldades enfrentadas por cidadãos para lidar com a escalada dos preços das casas.
Uma das participantes, Inês Castro, de 23 anos, confessou que era a primeira vez que se juntava a esta marcha, que culminou na Alameda Dom Afonso Henriques. "A especulação imobiliária é um grande problema para os jovens, e as soluções parecem pouco visíveis", lamentou à agência Lusa.
Inês, que se encontra a residir numa residência universitária, referiu que vários amigos tentam comprar casa, mas enfrentam preços exorbitantes que tornam o sonho inacessível. "Não é viável comprar casa no centro, as pessoas são forçadas a procurar nas periferias", destacou.
Outro testemunho foi o de Maria Teresa, agora aposentada, que participou pela 51.ª vez no 1.º de Maio, sentindo que a luta se torna cada vez mais necessária. Ela critica o descompasso entre o aumento do custo de vida, especialmente na habitação, e a estagnação dos salários. "Vivi esses desafios, mas hoje os jovens têm ainda mais dificuldades. Como é possível sobreviver com um salário mínimo?", questionou.
Durante mais de uma hora e meia, gritos como "A Luta continua. Maio está na rua" e "Fim à precariedade" ecoaram ao longo do trajeto. Embora o número de participantes tenha sido considerado inferior ao do ano anterior, muitos apontaram para a possibilidade de um fim de semana prolongado que desviou alguns para o Algarve.
Famílias inteiras, como a de Marlene e Didier, de 32 e 36 anos, trouxeram o seu filho de 22 meses, refletindo uma intenção de transmitir a luta às futuras gerações. Marlene, desempregada, expressou sua preocupação com os baixos salários e a dificuldade em gerir o orçamento mensal, especialmente com o aumento das taxas Euribor, que dispararam o valor das prestações.
O evento culminou por volta das 17:00, onde Tiago Oliveira, secretário-geral da CGTP, fez um fervoroso discurso nos jardins da Fonte Luminosa, exigindo um aumento de 15% nos salários.
O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, origina-se dos confrontos ocorridos em Chicago há 139 anos, quando trabalhadores lutaram por uma jornada de trabalho reduzida, enfrentando uma repressão violenta das autoridades dos EUA.