Kashag denuncia repressão chinesa a celebrações do Dalai Lama
No 90º aniversário do Dalai Lama, o Kashag alerta que os tibetanos no Tibete são forçados a não celebrar, enquanto a comunidade no exílio se manifesta livremente.

O Kashag, o governo tibetano no exílio, fez hoje uma acusação contundente contra as autoridades chinesas, afirmando que estão a "proibir à força" os tibetanos no Tibete de celebrarem o 90º aniversário do Dalai Lama.
Num comunicado oficial, o governo no exílio sublinhou que, enquanto a diáspora tibetana se reúne para celebrar livremente, os seus "irmãos e irmãs no Tibete estão impossibilitados de participar em simples rituais religiosos, como acender incenso ou levantar bandeiras de oração em homenagem ao seu líder."
Ativistas e fontes ligadas à comunidade exilada relatam que esta repressão é evidenciada por uma vigilância intensificada, intimidações de funcionários locais e o aumento das campanhas de "educação patriótica", que tentam substituir a lealdade ao Dalai Lama pela fidelidade ao Partido Comunista Chinês.
Em resposta a essa opressão, o Kashag apelou ao "poder suave" do povo tibetano, fundamentado nos ensinamentos de compaixão do Dalai Lama, um poder que, segundo a declaração, "nunca será subjugado por forças dominadoras que actuam na ignorância."
Este conceito de "soft power" contrasta com a abordagem da China no Tibete, que se baseia no controlo militar, investimentos substanciais em infraestruturas e assimilação cultural.
A declaração também destacou os progressos da comunidade exilada ao longo de 66 anos, transformando-se de um grupo de refugiados que "só conhecia o céu acima e o chão abaixo" numa "comunidade de refugiados exemplar a nível mundial."
A mensagem do Kashag surge numa semana marcada por tensões, após um conclave histórico de líderes budistas que delinearam uma nova estratégia para afrontar Pequim, e coincide com as palavras do próprio Dalai Lama, que expressou a esperança de viver "mais 30 a 40 anos."
Durante uma cerimónia religiosa especial realizada em sua residência em Dharamshala, o Dalai Lama afirmou: "Fiz o meu melhor até agora. Assumo a minha responsabilidade com determinação e coragem”, acrescentando que espera viver muitos anos mais e que as suas orações estão a surtir efeito.
O líder espiritual exortou os seus seguidores a manterem a fé colectiva, comparando os esforços durante a Revolução Cultural Chinesa com a força da determinação conjunta: "Na altura, eles também se uniram e por isso tinham força.”
O gabinete tibetano no exterior concluiu a mensagem com uma nota de esperança, afirmando que "o laço sagrado entre mestre e discípulo não pode ser apagado por poderes tirânicos" e expressando o desejo de que "em breve, todos os tibetanos, tanto no Tibete quanto no exílio, possam comemorar juntos o aniversário de Sua Santidade o Dalai Lama."