Kadyrov sugere saída entre especulações de destituição

O líder da Chechénia, Ramzan Kadyrov, solicitou a sua própria demissão, conforme relatado em uma entrevista divulgada hoje pela agência Chechnya Today, em meio a crescentes especulações sobre sua possível destituição. “Oiço os rumores que circulam. Falam sobre tudo. No entanto, eu mesmo peço para ser demitido. Um novo chefe da república poderá trazer iniciativas distintas e uma nova visão”, disse Kadyrov.

Kadyrov, que tem estado no poder desde 2007 e é um aliado firme do Kremlin, é frequentemente criticado por violações dos direitos humanos. Ele expressou a esperança de que o seu pedido para sair do cargo possa ser bem recebido.

Este não é o primeiro comentário de Kadyrov sobre a sua possível saída, tendo manifestado pensamentos semelhantes em 2016, 2020 e 2022. Contudo, as autoridades federais nunca responderam às suas declarações, dado que ele tem a proteção do presidente russo, Vladimir Putin, desde que tomou posse após o fim da Segunda Guerra da Chechénia.

A recente desaprovação das autoridades centrais passou a ser evidente após um ataque armado orchestrado pelo clã Kadyrov em Moscovo, com o objetivo de apoderar-se da famosa empresa de e-commerce Wildberries.

Nos últimos anos, Kadyrov, que mantém uma força militar própria e uma relação com o grupo paramilitar Wagner, tem distribuído posições de poder entre membros da sua família. Os filhos, Aishat e Adam, destacam-se como herdeiros políticos. Aishat, de 26 anos, é vice-presidente do governo checheno e empresária. Adam, de 17 anos, ocupa o cargo de chefe do departamento de segurança e secretário do conselho de segurança da república.

Recentemente, Adam ganhou notoriedade ao divulgar um vídeo em que espancava um detido por ter queimado o Corão, o que lhe valeu o título de Herói da República Chechena.

Os meios de comunicação estão a associar essa mudança de liderança à visível deterioração da saúde de Kadyrov, que há anos controla o islamismo radical na região.