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Justiça tardia para vítima de agressão sexual na Coreia do Sul

Choi Mal-ja, condenada por se defender de um ataque em 1964, recebeu pedido de desculpas dos procuradores e poderá ter a sua sentença anulada.

23/07/2025 21:20
Justiça tardia para vítima de agressão sexual na Coreia do Sul

Choi Mal-ja, uma mulher sul-coreana, que sofreu um violento ataque sexual em 1964, recebeu esta quarta-feira um pedido de desculpas por parte dos procuradores. Com esta nova abordagem, a sua sentença poderá ser finalmente revertida.

De acordo com a BBC, Choi foi condenada a 10 meses de prisão com dois anos de pena suspensa após ter morder a língua do seu agressor durante o ataque, com apenas 18 anos na altura. O caso ocorreu em Gimhae, onde foi atacada por um homem de 21 anos que tentava forçá-la a ação oral.

A mulher conseguiu escapar após morder cerca de 1,5 centímetros da língua do agressor, que, apesar de ter sido condenado a seis meses de prisão por invasão e intimidação, nunca enfrentou charges por tentativa de violação.

Choi, que tinha sido tratada injustamente pelo sistema judicial, recebeu uma sentença mais severa devido aos danos que causou ao seu atacante. Na época, o tribunal considerou que as suas ações superaram os "limites razoáveis" da autodefesa.

Inspirada pelo movimento #MeToo, Choi lutou durante anos para que a sua situação fosse revista e a injustiça corrigida.

No novo julgamento, os procuradores expressaram um pedido de desculpas formal, reconhecendo a dor causada a Choi, que foi uma vítima de agressão sexual. O procurador-chefe de Busan afirmou: "Causámos dor e agonia indescritíveis a Choi, que deveria ter sido protegida."

Após o julgamento, Choi afirmou: "Durante 61 anos, o estado fez-me viver como uma criminosa. Espero que as futuras gerações possam viver felizes, livres de violência sexual." Ela ainda se referiu à sua luta como uma vitória.

Uma audiência final está prevista para o dia 10 de setembro, onde se espera que a sentença de Choi Mal-ja seja finalmente anulada.

É importante notar que este caso se tornou um marco no direito sul-coreano, frequentemente citado como exemplo da falha do sistema judicial em reconhecer o direito à autodefesa após uma tentativa de agressão sexual.

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