Justiça russa solicita pena máxima de 18 anos para escritor Boris Akunin
Procuradores russos requerem 18 anos de prisão para Boris Akunin, destacado autor crítico da guerra na Ucrânia, sob acusações de terrorismo e desinformação.

O escritor Boris Akunin, de 69 anos, enfrenta a solicitação de 18 anos de prisão por parte da Justiça russa, sob a acusação de terrorismo e por veicular informações falsas sobre o país. Akunin, que vive em exílio há mais de dez anos, foi alvo de investigações após ser colocado numa lista de "extremistas e terroristas" em 2023.
Durante uma audiência no tribunal do Segundo Distrito Militar Ocidental, os procuradores indicaram que o escritor deverá cumprir 14 anos numa prisão de segurança máxima. Desde 2014, Akunin tem manifestado uma postura crítica em relação à guerra na Ucrânia, tendo sido declarado procurado em 2024 por apelos a ações terroristas e disseminação de informações falsas sobre as forças armadas russas.
Akunin, pseudónimo de Grigori Chjartishvili, alcançou notoriedade com uma série de romances ambientados no século XIX e XX, protagonizados pelo detetive Erast Fandorin. Em entrevista dada à agência EFE, dias antes da invasão da Ucrânia, Akunin descreveu o presidente russo, Vladimir Putin, como um "ditador" com ambições imperialistas, levando a Rússia a uma "semi-desintegração".
No seu discurso, o autor argumentou que a crise ucraniana resulta da tentativa da Rússia de manter controlo sobre as antigas repúblicas soviéticas, e condenou as ações de Putin, comparando-o a Estaline em termos de autoritarismo crescente. "Está a seguir o mesmo caminho: eliminar a divisão de poderes e destruir a independência judicial", afirmava Akunin.