Ricardo Salgado e Álvaro Sobrinho são julgados em Lisboa por desvios e crimes financeiros relacionados com o BES Angola, mais de 10 anos após o colapso da instituição.
O julgamento de Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), e de Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BES Angola, inicia-se hoje em Lisboa. Este caso surge mais de uma década após a falência do BES, ocorrida no verão de 2014, que deixou um impacto devastador no sistema financeiro.
Os dois arguidos enfrentam graves acusações, incluindo abuso de confiança e burla. Salgado, de 80 anos e com problemas de saúde, responde por cinco crimes de abuso de confiança e um de burla qualificada, enquanto Sobrinho, de 62 anos, é acusado de 18 crimes de abuso de confiança agravado e cinco de branqueamento de capitais.
O tribunal vai também ouvir outros réus, incluindo Amílcar Morais Pires, ex-assessor de Salgado, e Rui Silveira, ex-administrador do BES, além do empresário Helder Bataglia. Juntos, os arguidos terão alegadamente conseguido obter vantagens ilícitas que ascendem a cerca de cinco mil milhões de euros e mais de 210 milhões de dólares.
Na sua defesa, Sobrinho questiona a acusação do Ministério Público, afirmando que esta está repleta de erros e não esclarece adequadamente a suposta trama que deu origem às infrações. Salgado, devido ao seu estado de saúde, não estará presente nas audiências, enquanto Sobrinho contesta a restrição do seu visto para comparecer no julgamento, solicitando acompanhamento por videoconferência.
Helder Bataglia optou por ser julgado à distância, uma vez que reside em Angola. As sessões do julgamento estão marcadas até ao final do ano.