José Ferreirinhaapoia decisão de Rebeca Andrade de abandonar o solo
O ex-treinador José Ferreirinha considera compreensível a escolha de Rebeca Andrade em deixar o solo, devido ao desgaste físico que a modalidade acarreta.

José Ferreirinha, antigo treinador de ginástica artística, expressou hoje a sua compreensão sobre a decisão de Rebeca Andrade de abdicar das competições de solo, uma disciplina em que a atleta brasileira se destacou como campeã olímpica. Ferreirinha, que acompanhou a ginasta em Paris 2024, destaca os impactos físicos exigidos pelo solo, que podem representar entre 18 a 20 vezes o peso do corpo, um fator que pesa na saúde de uma atleta que já passou por cinco cirurgias no joelho aos 26 anos.
"Vi a decisão com muita naturalidade. A Rebeca não é uma ginasta recém-chegada; embora não seja velha, também não é nova. Para uma atleta com lesões nos membros inferiores, o solo é realmente exigente. Por isso, entendo perfeitamente a sua escolha de deixar essa modalidade que lhe causa tanto desgaste", afirma o ex-treinador em declarações à Lusa.
Rebeca Andrade, proveniente de São Paulo, confirmou na quarta-feira a sua decisão concernente a uma competição onde superou a famosa norte-americana Simone Biles nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, nos quais ainda ganhou a prata no salto e no concurso geral individual, além do bronze por equipas, modalidades nas quais continuará a competir.
O especialista menciona que, durante os treinos, Andrade frequentemente tinha de descansar por vários dias devido a dores nos pés e nas pernas, algo complicado para uma atleta de elite. "Ela ainda é muito talentosa em outros três aparelhos, onde tem grandes possibilidades de conquistar medalhas. Desistir do solo, mantendo o resto, parece-me uma decisão sensata”, complementa Ferreirinha.
No decurso da conversa, o professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro recorda a trajetória de Filipa Martins, uma ginasta que também enfrentou problemas de saúde, culminando numa carreira repleta de desafios físicos. "Nos últimos três anos, a dificuldade tem sido enorme. A Filipa também competiu em Tóquio 2020 com limitações, e a sua experiência ilustra bem o que é ser um atleta com lesões a gerir dentro e fora do contexto competitivo", acrescenta.
Além da desistência do solo, o treinador Francisco Porath anunciou que Rebeca não participará no Campeonato do Mundo em Jacarta, na Indonésia, marcado para outubro, planeando um regresso em 2026 para a preparação para Los Angeles 2028. Ferreirinha considera esta pausa compreensível e acredita que pode auxiliar na promoção de uma maior longevidade na carreira das ginastas. "Após um ciclo olímpico de sucesso, tirar um tempo é uma decisão lógica. É benéfico que as atletas façam pausas para se manterem activas a longo prazo", finaliza.