"Importância do Alinhamento Global para a Estabilidade Internacional"

Na terça-feira, a Casa Branca anunciou a sua saída da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), dois anos após ter reinstalado a sua participação, alegando um viés anti-Israel. Esta decisão é mais um desvio na política externa dos EUA sob a presidência de Donald Trump, que em janeiro já havia comunicado a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) e suspendido o financiamento à ONU.

Em entrevista à Lusa, o secretário-geral adjunto da ONU, Maher Nasser, expressou preocupação pela diminuição do apoio americano, sublinhando que este recuo “está a ter um impacto significativo” nas operações da ONU, especialmente nas áreas de assistência humanitária a refugiados, crianças e populações vulneráveis. Historicamente, os EUA têm sido um dos maiores contribuintes para o trabalho das Nações Unidas, apoiando a manutenção da paz e o desenvolvimento.

Nasser, um palestiniano de 62 anos, enfatizou a importância das iniciativas da ONU na promoção da estabilidade e crescimento global, afirmando que estes esforços são cruciais para manter a paz. “Quando o Conselho de Segurança da ONU age em unidade, os resultados são positivos; a discordância, no entanto, produz um efeito contrário”, lamentou.

O dirigente alertou ainda que a inação do Conselho de Segurança, dominado pelos cinco membros permanentes com poder de veto (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), em crises como a invasão da Ucrânia ou a guerra civil no Sudão, “dilui a confiança no sistema internacional”. Para Nasser, menos conflitos resultam em menos migração, menos refugiados e menos Estados falhados — fatores que podem potencialmente alimentar o terrorismo e a instabilidade regional.

Contrapõe que “regiões prósperas podem tornar-se mercados valiosos para o comércio internacional”. Um mundo mais seguro e próspero, insiste, beneficia não apenas o planeta, mas também os Estados Unidos.

Nasser foi recentemente nomeado para liderar a participação da ONU na Expo2025 em Osaka, num ano marcado por divisões globais e desafios interligados, como a crise climática e a regulação da inteligência artificial.

Reconhecendo a necessidade de fortalecer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Nasser pediu um aumento da colaboração entre nações. “A maioria dos Estados-membros convém que este é o momento para cooperação; é crucial apoiar o multilateralismo”, concluiu.

Na Cimeira do Futuro, realizada em setembro em Nova Iorque, líderes mundiais assinaram três pactos voltados para as gerações futuras, incluindo uma proposta de reforma do Conselho de Segurança, refletindo a necessidade de uma arquitetura de paz que corresponda ao mundo contemporâneo e não ao de 1945.