O governo húngaro manifesta descontentamento face à proposta da Comissão Europeia para acabar com as importações de gás da Rússia até 2027, chamando-a de "erro grave".
O governo da Hungria, que mantém uma forte proximidade com Moscovo e depende significativamente do gás russo, expressou hoje a sua forte oposição ao novo plano da Comissão Europeia que visa abolir, até ao final de 2027, as importações de gás da Rússia.
No seu desabafo, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria, Peter Szijjarto, argumentou através de um vídeo na rede social Facebook que "depois do insucesso das sanções contra a Rússia, a Comissão Europeia comete agora um erro muito grave ao excluir, de forma forçada e ideológica, as fontes de energia russas".
A proposta da Comissão Europeia visa não apenas a interrupção total das compras de gás russo, mas também a suspensão de novos contratos de fornecimento, híbrido e liquefeito, até ao final de 2027, numa tentativa de cortar a dependência energética da União Europeia em relação à Rússia.
O plano contempla a cessação de todas as importações de gás russo, além da interrupção de contratos 'spot' e a impossibilidade de assinar novos acordos até 2025. A Comissão garante que estas medidas permitirão uma redução significativa — de um terço — no fornecimento de gás russo até ao final deste ano.
Este roteiro, que também se destina a eliminar a dependência da energia russa, inclui medidas para pôr termo às importações de petróleo e ao uso de energia nuclear proveniente da Rússia, sempre com o objetivo de garantir a estabilidade no abastecimento e na fixação de preços de energia na UE.
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, e a subsequente crise energética, a União Europeia implementou o pacote REPowerEU, embora tenha notado um aumento temporário nas importações de gás russo no ano passado.
Dados recentes mostram que as importações de gás da Rússia caíram de 45% em 2021 para 19% em 2024, com uma previsão adicional de descida para 13% em 2025 com o término do trânsito pelo território ucraniano.
A crise provocada pela guerra levou a UE a impor uma série de sanções, como a proibição de importar carvão e a limitação de exportações de gás da Rússia, refletindo-se também numa redução das importações de petróleo, que passaram de 27% no início de 2022 para apenas 3% atualmente.
Apesar dos progressos, a Comissão Europeia reconhece que a energia russa ainda representa uma parte do mix energético da União, ressaltando a necessidade de esforços adicionais e coordenados para mitigar esta ameaça à segurança. Em 2024, as importações de gás russo pela UE totalizaram 52 mil milhões de metros cúbicos e as importações de petróleo continuaram a ser subsistidas com mais de 13 milhões de toneladas.
O plano da Comissão também prevê uma redução gradual do petróleo e da energia nuclear russos, procurando aumentar a dependência de GNL, com a Noruega e os Estados Unidos a emergirem como os principais fornecedores.
O futuro próximo promete um aumento da oferta mundial de gás, enquanto a sua procura na Europa deve diminuir significativamente.