O governo francês condenou a revogação de autorizações de viagem a delegações ligadas à cooperação com os campos de refugiados, medidas que agravam as tensões na região.
A França expressou, nesta terça-feira, uma forte crítica à decisão de Israel de retirar as autorizações de viagem concedidas a duas delegações francesas, organizadas por associações que promovem a cooperação entre cidades e campos de refugiados palestinianos. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, as acusações que ligam estas organizações a grupos terroristas são infundadas e prejudiciais aos esforços por uma paz duradoura.
Christophe Lemoine, porta-voz do ministério francês, afirmou que “acusações que vinculam estas associações a organizações terroristas são inaceitáveis” e apelou para que as autoridades israelitas revertam a decisão que penaliza iniciativas de diálogo entre israelitas e palestinianos.
Na sequência, a embaixada israelita em França afirmou, através de uma publicação na rede social X, que Israel não permitirá a entrada de pessoas associadas à Rede de Cooperação Descentralizada para a Palestina ou à Associação França Palestina Solidariedade, empresas que, segundo o órgão diplomático, mantêm ligações com a Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) – movimento designado como terrorista pela União Europeia.
Em paralelo, ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha e Reino Unido uniram-se na exigência de que Israel levante o bloqueio à ajuda humanitária na Faixa de Gaza, a fim de evitar riscos de fome e epidemias entre os civis palestinianos, num cenário de conflito que já ceifou milhares de vidas desde o início dos confrontos em 7 de outubro de 2023.
As declarações seguem o episódio em que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, repudiou publicamente uma mensagem do Presidente francês, Emmanuel Macron, que defendia o reconhecimento de um Estado palestiniano – uma posição que, segundo Netanyahu, seria uma recompensa para o terrorismo e agravaria ainda mais as tensões na região.