Exército de Ruanda desempenha papel crucial em conquistas no Leste da RDC
Peritos da ONU afirmam que o exército de Ruanda foi decisivo nas vitórias do M23 em duas cidades no leste da RDC, exacerbando a crise humanitária na região.

Um relatório semestral dos especialistas das Nações Unidas revelou hoje que o exército ruandês teve um papel fundamental nas recentes conquistas do Movimento 23 de Março (M23) no leste da República Democrática do Congo (RDC). A ofensiva que levou à conquista de Goma e Bukavu, capitais das províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul, intensificou a violência nas últimas semanas, resultando em milhares de mortes e agravando a crise humanitária que afeta centenas de milhares de deslocados.
Os investigadores, designados pelo Conselho de Segurança da ONU, sublinham que as operações do exército ruandês (FDR) foram determinantes na ocupação de novos territórios. As suas conclusões são fundamentadas em imagens e vídeos obtidos por drones, bem como em testemunhos de várias fontes.
De acordo com o relatório, apenas uma semana antes dos ataques a Goma, responsáveis do governo de Kigali informaram os especialistas da ONU que o presidente Paul Kagame decidira que as tropas ruandesas tomariam o controle das cidades. Anteriormente, em um relatório de finais de 2022, a ONU já havia apontado a responsabilidade de Ruanda pelas operações militares na região.
Embora Kigali não tenha reconhecido oficialmente a sua presença militar, justifica-se dizendo que está a implementar "medidas defensivas" devido à atuação das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), que constituem uma ameaça, segundo o governo ruandês, por serem formadas por antigos líderes hutus relacionados com o genocídio de 1994.
Recentemente, foi assinado um acordo em Washington entre Kinshasa e Kigali, onde se comprometeram a respeitar a integridade territorial e a acabar com as hostilidades no leste da RDCongo. Contudo, a implementação dessas medidas ainda depende de ações concretas, pois continuam a ser relatados confrontos na região.
Além disso, uma nova tentativa de mediação entre a capital congolense e o M23 está a ser desenvolvida em Doha, no Qatar.