Ana Varges Gomes, diretora de Oncologia da ULS Algarve, foi destituída por alegada quebra de confiança, desencadeando reações de médicos e do Partido Socialista.
A diretora do Serviço de Oncologia da Unidade Local de Saúde (ULS) do Algarve, Ana Varges Gomes, foi hoje demitida, com a administração hospitalar a justificar a decisão por "quebra de confiança institucional", segundo revelou à agência Lusa o presidente da administração, Tiago Botelho.
A demissão decorre de um pedido de escusa de responsabilidade apresentado por um grupo de médicos do serviço, que destacaram a falta de condições de trabalho e os atrasos na autorização de medicamentos e exames, que impactam diretamente a sobrevivência dos pacientes, segundo a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Botelho comentou que a decisão resulta de uma exposição elaborada pela médica, que considerou injustificada, tendo o presidente da ULS discutido cada uma das alegações contidas no pedido de escusa. "A situação de mal-estar no serviço e a quebra de confiança foram determinantes para a demissão", afirmou.
Ana Varges Gomes confirmou que se reuniu esta manhã com a direção clínica, onde lhe comunicaram a decisão de demissão. Contudo, manifestou a sua intenção de manter as suas funções até receber uma comunicação formal por escrito, um pedido ainda não atendido até ao final da tarde.
A diretora estranhou a justificativa da quebra de confiança, uma vez que enfatizou que o cargo de diretor não depende desse tipo de confiança. "Os diretores de serviço são escolhidos através de concurso, não de nomeações políticas, como um diretor de departamento", destacou.
A contestação à administração da ULS Algarve não se limitou ao âmbito interno, com o Partido Socialista do Algarve a criticar a decisão, alegando que a ULS está a ser gerida por interesses políticos e não técnicos. Em reação, o PS repudiou a demissão de Gomes e apelou à intervenção do Serviço Nacional de Saúde para reverter a situação.