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"Da Paraplegia ao Movimento: A Revolução da Inteligência Artificial"

Marta Dombi, que ficou paraplégica após um acidente, desafiou as expectativas médicas e voltou a andar com a ajuda de implantes de inteligência artificial, transformando o seu destino.

há 8 horas
"Da Paraplegia ao Movimento: A Revolução da Inteligência Artificial"

Em 2018, durante um evento de Ironman, Marta Dombi sofreu um acidente de bicicleta que resultou em paraplegia, deixando-a sem mobilidade e sensibilidade da cintura para baixo. Inicialmente, os médicos afirmaram que nunca conseguiria andar novamente, mas Marta decidiu não aceitar essa realidade: "Os médicos não oferecem esperança, mas eu escolhi não acreditar nessa previsão", partilhou à Lusa durante uma conferência sobre medicina e inteligência artificial na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

Determinada a mudar o seu destino, Marta inscreveu-se em ensaios clínicos do NeuroRestore, um centro de investigação na Suíça dedicado a desenvolver intervenções de bioengenharia. Apesar de não existirem ensaios para lesões completas em 2021, a sua persistência levou-a a ser operada em setembro do ano passado, após ser selecionada.

A cirurgia, que durou sete horas, envolveu a colocação de três implantes: um no crânio, controlando os movimentos das pernas, e dois na medula espinal, logo abaixo da lesão. Através da inteligência artificial, os elétrodos no crânio comunicam com os da coluna, permitindo a Marta ativar e controlar os músculos das pernas.

Valeria Spagnolo, neurocientista da NeuroRestore, descreveu como os sinais elétricos dos neurónios de Marta são captados e convertidos em pulsos que estimulam os músculos das pernas. A tecnologia necessária inclui um boné especial e um computador portátil que comunica por 'bluetooth', tudo acomodado num andarilho que a auxilia enquanto caminha.

Marta refere-se a si mesma como um “filme de ficção científica”, realçando a complexidade do sistema: "Preciso da tecnologia para que tudo funcione”. O processo de adaptação e reabilitação foi longo, uma vez que Marta teve que reaprender a controlar os músculos que não utilizou durante seis anos.

Valeria Spagnolo adverte que, apesar do progresso, o sistema ainda está em fase experimental e que a mobilidade completa não é ainda uma realidade: "Marta não pode andar ainda com total liberdade, e precisamos de mais tempo para calibrar o sistema". A neurocientista enfatiza que, embora seja um grande avanço, ainda há melhorias a serem feitas na tecnologia.

Marta, que se tornou a primeira mulher a andar após uma lesão medular completa, utiliza um espelho para tentar reconectar-se com a sensação do movimento, embora continue a depender da cadeira de rodas para o seu dia a dia. A sua determinação leva-a a pensar em como integrar o treino na sua rotina diária e a esperar que as inovações tecnológicas minimizem as dificuldades atuais.

Em sua intervenção na conferência, expressou a sua gratidão a todos os profissionais que trabalham para expandir os limites da ciência e deixou uma mensagem de esperança para quem enfrenta diagnósticos semelhantes: "Eu voltei a andar e ainda mais progresso virá".

#Inovação #Superação #InteligênciaArtificial