Crise de corrupção em Espanha ameaça estabilidade de Sánchez
A recente suspeita de corrupção no PSOE está a provocar uma crise política em Espanha. Na quarta-feira, o primeiro-ministro apresentará medidas para combater este fenómeno no parlamento.

A crise política que assola Espanha está a intensificar-se, com a suspeita de corrupção a pairar sobre o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e a desafiar a continuidade do primeiro-ministro Pedro Sánchez no poder.
Em meio a este caos, Sánchez programou para quarta-feira a apresentação de um conjunto de medidas destinadas a fortalecer a luta contra a corrupção, como resposta às demandas dos partidos que compõem a sua coligação governamental.
As investigações judiciais começaram em junho, quando a justiça revelou "indícios consistentes" de corrupção relacionados com Santos Cerdán, que ocupava a terceira posição no PSOE e está agora em prisão preventiva. Este escândalo também envolve um ex-ministro dos Transportes, José Luis Ábalos, em torno de alegações de comissões ilegais na adjudicação de obras públicas.
Cerdán e Ábalos foram peças-chave no apoio a Sánchez, que chegou ao governo em 2018 após liderar uma moção de censura contra o Partido Popular, acusado de corrupção. Naquele então, a luta contra a corrupção e a "regeneração democrática" eram promessas centrais do novo governo.
As gravações telefónicas apreendidas durante a investigação revelaram conversas comprometedores sobre machismo e utilização de prostitutas, as quais Sánchez descreveu como "repugnantes" e incompatíveis com os valores do seu partido, que se define como feminista.
Para complicar ainda mais a situação, o líder do PSOE foi forçado a substituir Cerdán e outros membros da sua equipa. A política interna sofreu um novo golpe quando Francisco Salazar, um dos novos nomeados, enfrentou acusações de assédio sexual, resultando nas novas diretrizes do partido que proíbem o uso de prostituição e reforçam mecanismos contra o assédio.
Desde que voltou a ser eleito, em novembro de 2023, vários aliados e familiares de Sánchez têm sido implicados em investigações relacionadas com corrupção. Contudo, já negou qualquer envolvimento do PSOE em práticas ilegais até ao momento. No caso de Cerdán, reconheceu a gravidade das acusações e pediu desculpas ao povo espanhol.
Sánchez reafirmou que não se demitirá nem antecipará eleições, mantendo-se no cargo até 2027. A pressão dos parceiros governamentais continua a aumentar, com o partido Somar a alertar para a gravidade da situação. Um líder regional do PSOE já pediu a realização de uma moção de confiança.