Crescimento do Comércio Global Aumenta em 2025, Mesmo Face a Desafios
O comércio mundial registou um crescimento robusto no primeiro semestre de 2025, impulsionado pelas importações dos EUA e exportações da UE, apesar das tensões comerciais, segundo a ONU.
De acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), o comércio mundial cresceu cerca de 300 mil milhões de dólares (ou 255,78 mil milhões de euros) no primeiro semestre de 2025. Este aumento ocorre mesmo num cenário de abrandamento económico, conforme reportado num comunicado da ONU.
O crescimento representou um avanço de aproximadamente 1,7% em comparação com o segundo semestre de 2024, ajustado para variações sazonais, segundo Alessandro Nicita, economista no Gabinete de Comércio e Desenvolvimento da ONU. No que toca aos primeiros três meses de 2025, o comércio mundial apresentou uma subida de cerca de 1,5%, com previsões de um crescimento que poderá alcançar os 2% no segundo trimestre.
O relatório sublinha que, nos primeiros três meses, as economias desenvolvidas superaram os países em desenvolvimento, contrariando a tendência que favorecia os países do Sul. Esta mudança foi impulsionada por um aumento significativo de 14% nas importações dos EUA e de 6% nas exportações da União Europeia, resultando numa antecipação de tarifas adicionais por parte das empresas americanas antes da sua implementação em 5 de abril.
Contrapõe-se a esta evolução, a descida de 2% nas importações dos países em desenvolvimento, com o comércio Sul-Sul a estagnar, embora o continente africano tenha conseguido um crescimento notável de 5% nas suas exportações.
No entanto, o relatório indica que o segundo semestre de 2025 pode trazer desafios adicionais para o comércio global devido à incerteza política, tensões geopolíticas e sinais de desaceleração do crescimento global. As novas tarifas impostas pelos EUA, incluindo uma taxa base de 10% e direitos adicionais sobre o aço e alumínio, aumentam as preocupações sobre uma possível fragmentação do comércio.
Para a ONU, a continuidade do crescimento no segundo semestre dependerá da clareza nas políticas, evolução geoeconómica e a adaptabilidade das cadeias de abastecimento. Apesar dos desafios, existem indícios de resiliência, como a recuperação dos índices de frete e um fortalecimento da integração regional. Além disso, o comércio de serviços manteve-se como o principal motor do crescimento, apresentando uma subida de 9% ao longo dos últimos quatro trimestres.