Organizações não governamentais pedem sanções aos líderes chineses por detenção do pai da ativista Anna Kwok, argumentando que se trata de repressão transnacional e intimidação à diáspora.
Um total de 87 organizações não governamentais (ONG) instaram, nesta quarta-feira, a comunidade mundial a implementar sanções contra os responsáveis pela "repressão transnacional" levada a cabo pelo Governo chinês, que culminou na detenção do pai da ativista exilada Anna Kwok em Hong Kong.
As ONG, entre as quais se encontra o Grupo de Apoio ao Tibete - Portugal, expressaram preocupação sobre a crescente intimidação da diáspora de Hong Kong, apelando a que "os governos tomem medidas concretas para responsabilizar os funcionários envolvidos em tais abusos".
Na declaração, as organizações enfatizaram a urgente necessidade de "estabelecer mecanismos eficazes para proteger os ativistas exilados de Hong Kong e demais opositores do regime de Pequim face à sua extensa repressão" que ultrapassa fronteiras.
A prisão de Kwok Yin-sang, com 68 anos, no final de abril, foi justificada pela polícia de segurança nacional de Hong Kong com a acusação de tentativa de angariar fundos através de uma apólice de seguro pertencente à filha, usando documentos que apresentariam assinaturas falsificadas. Este é o primeiro uso da controversa lei de segurança nacional que proíbe assistência a "fugitivos designados", sendo a pena máxima de sete anos de prisão.
As ONG destacaram que estas "detenções injustas" refletem uma intensificação da repressão transfronteiriça, apelando a todos os cidadãos com consciência para que reconheçam estas ações como uma clara tentativa de silenciar a dissidência ameaçando famílias de opositores políticos.
Anna Kwok, 28 anos, reside nos Estados Unidos e é diretora executiva do Hong Kong Democracy Council, uma organização sem fins lucrativos dedicada à promoção das liberdades na China. Embora o pai continue detido, o irmão, que trabalha na companhia de seguros responsável pela apólice, foi libertado sob fiança enquanto continua a ser investigado por possível abuso de poder.
Kwok é um dos vários ativistas e advogados procurados pelas autoridades de Hong Kong que estão fora do país. As autoridades de Hong Kong estão a oferecer um prémio de um milhão de dólares de Hong Kong (aproximadamente 113 mil euros) por informações que conduzam à captura de indivíduos acusados de violar a lei de segurança nacional, imposta por Pequim em 2020.