"Casas Vazias: o Desafio Esquecido no Debate Habitacional"

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, denunciou, durante o encerramento do Fórum de Ideias e Propostas 'Coimbra Mudar Mesmo', que o Governo e os partidos do PS à direita estão a desviar a atenção do verdadeiro problema habitacional no país: as 250 mil casas vazias disponíveis e prontas a habitar.

“Quando nos dizem que vão resolver a crise da habitação, esquecem-se do 'elefante no meio da sala', que são estas casas que não estão no mercado de arrendamento ou venda,” afirmou Mortágua, revelando dados do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) que comprovam a existência destas propriedades, frequentemente localizadas nas áreas de maior pressão imobiliária.

A líder do Bloco de Esquerda criticou a falta de coragem política para confrontar esta questão, afirmando que o foco em nova construção serve apenas para beneficiar as construtoras e a especulação imobiliária. “As casas vazias continuam a valorizar, enquanto se ignora a sua existência. Para resolver a crise da habitação, é imperativo abordar este problema,” sublinhou.

Mortágua destacou a necessidade de identificar as casas vazias e entender as razões que as mantêm ocas, seja por questões de herança, falta de recursos para recuperação, ou propriedade de fundos de investimento. “Cada uma dessas situações requer soluções específicas em termos de políticas públicas,” defendeu.

Ainda na sua intervenção, a deputada salientou que o Governo tem transferido responsabilidades para o mercado, afirmando que a crise habitacional é um reflexo dessa abdicação. Sobre a saúde, Mortágua foi igualmente contundente, criticando a abordagem do Governo em privatizar as urgências e o Serviço Nacional de Saúde. “O que estamos a ver é uma política de desistência, em que, na ausência de soluções, se aponta o dedo aos imigrantes, numa estratégia covarde,” concluiu.