A concentração de jornalistas à porta do Conclave em Roma gera momentos insólitos, como a presença de repórteres vestidos de palhaço em busca de declarações sobre o futuro Papa.
No ambiente intenso que envolve a 12.ª Congregação Geral dos cardeais, que contou com 173 participantes, os jornalistas não se fazem esperar. Ao saírem das reuniões, muitos cardeais são cercados por repórteres armados com câmaras, ansiosos por alguma pista sobre quem sucederá o Papa Francisco. Entre eles, dois jornalistas, Joss e Oskarín, apresentavam-se de forma inusitada: mascarados de palhaços, com credenciamento de imprensa, mantinham uma transmissão com um sacerdote mexicano sobre a possibilidade de o seu país ter um novo Papa.
“Estamos assim vestidos para oferecer notícias de uma forma divertida, atraindo a atenção de quem normalmente ignora a informação tradicional”, explicava Joss à Lusa, enquanto Oskarín reforçava a ideia de alcançar um público diversificado, incluindo crianças e avós.
Enquanto um grupo crescente de jornalistas se aglomerava em torno dos cardeais que saíam pela Praça Pio XII, esperava-se por qualquer declaração sobre os debates da Congregação. A maioria dos cardeais mantém-se em silêncio, mas um simples sorriso ou uma frase pode ser suficiente para atrair a atenção da imprensa. Foi o que aconteceu com o cardeal tailandês Francis Kovithavanij, que comentou que a reunião foi “muito produtiva” e expressou a esperança de um “conclave rápido”, pois os cardeais já tinham desenvolvido uma boa relação.
Os jornalistas tentavam descobrir os nomes dos cardeais em questão, o que nem sempre era fácil. Contudo, aqueles que se dirigiram a Seng Chye Goh, o cardeal de Singapura, tiveram mais sorte, uma vez que ele se apresentou e deixou a mensagem de que o “Espírito Santo irá iluminar” a decisão futura.
Os cardeais comprometeram-se a manter sigilo sobre as discussões internas, essenciais para a preparação do Conclave na Capela Sistina. Em declarações, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, revelou que participaram 130 cardeais neste último encontro, destacando a necessidade de um futuro Papa que “construa pontes” num mundo recalcitrante.
Os cardeais discutiram diversos tópicos, incluindo as reformas de Francisco, legislação sobre abusos, economia, sinodalidade, paz e questões ambientais. A visão partilhada para o próximo líder da Igreja é a de um “Papa construtor de pontes, pastor e mestre de humanidade” que mantenha como prioridades a misericórdia, sinodalidade e esperança.
O Conclave está agendado para começar na quarta-feira, 7 de maio, e será responsabilidade dos 133 cardeais eleitores, com menos de 80 anos, escolherem o sucessor de Francisco. Com um máximo de quatro votações diárias, o novo Papa precisa de assegurar pelo menos dois terços dos votos.