Os 133 cardeais eleitores iniciaram o Conclave em Roma, encerrados na Capela Sistina, para eleger o sucessor de Francisco, em busca de uma orientação espiritual.
Hoje, 133 cardeais eleitores reuniram-se pela primeira vez na Capela Sistina, em Roma, para dar início ao Conclave que permitirá escolher o 267.º Papa da Igreja Católica, sucessor de São Pedro e de Francisco.
No editorial de terça-feira, Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, destacou a importância da fase "extra omnes" do processo, que visa proteger o Conclave de influências externas e invocar a intervenção divina na escolha do novo líder. "Neste tempo suspenso, o mundo interroga-se sobre quem será o próximo bispo de Roma", afirmou Ruffini, que faz referência ao ambiente de reflexão que se seguirá dentro das paredes da capela.
O editorial ainda menciona o "paradoxo" do papel do novo Papa, que provoca confusão nos meios de comunicação e pontos de poder ao redor do globo, enquanto tentam antecipar a identidade do escolhido e, possivelmente, influenciar a decisão. "Os cardeais devem esvaziar-se de tudo e deixar apenas espaço para o espírito", sintetizou.
Após a missa matinal, presidida pelo decano dos cardeais, Giovanni Re, que na sua idade de 91 anos não participa no conclave, os cardeais retiraram-se para a Casa de Santa Marta antes de retornarem à Basílica de São Pedro às 15:30 locais. Aí, dirigiram-se em procissão à Capela Sistina, onde reafirmaram o seu compromisso de sigilo.
Os cardeais firmaram documentos que proíbem a revelação de qualquer discussão anterior ao conclave, um compromisso reforçado com um juramento solene. Uma vez encerradas as portas da capela, a comunicação com o exterior fica cortada, e as autoridades italianas têm implementado restrições nas telecomunicações para evitar fugas de informação.
No que toca à direção dos trabalhos, será Pietro Parolin, o secretário de Estado de Francisco e considerado um dos favoritos entre os cardeais, quem presidirá o Conclave, seguindo a ordem de precedência hierárquica.
No que diz respeito à ordem de votação, o patriarca emérito de Lisboa, Manuel Clemente, ocupa o 38.º lugar, enquanto António Marto, Américo Aguiar e Tolentino de Mendonça seguem em posições subsequentes.
Com o encerramento das portas da Capela Sistina, o Conclave tem início, reunindo 133 eleitores de 70 países. Para que um cardeal seja eleito, será necessário obter 89 votos. A partir de quinta-feira, ocorrerão quatro votações diárias.
Após cada ronda de votações, os boletins serão queimados e adicionar-se-á um químico ao fogo para determinar a cor da fumaça — negra para indicações inconclusivas e branca para a confirmação de um novo Papa. Caso se ultrapassem três dias sem alcançar a maioria necessária, as votações serão suspensas durante um dia.
Depois da eleição, o novo Papa escolherá o seu nome e será apresentado ao público na Praça de São Pedro. A cerimónia marca o encerramento do Conclave, permitindo que os cardeais retornem à Casa de Santa Marta. Tradicionalmente, será apenas dias depois que o novo Papa presidirá à sua primeira missa de início de pontificado.