Camboja acolhe proposta de paz com Tailândia após intensos combates

O primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet, expressou hoje o seu otimismo relativamente à proposta de cessar-fogo com a Tailândia, apresentada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em comunicado, Manet referiu que esta é uma boa notícia tanto para os soldados como para o povo dos dois países.

O líder cambojano ordenou ao seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Prak Sokhonn, que inicie conversações com o seu colega norte-americano, Marco Rubio, com o objetivo de encerrar o conflito que se intensificou na quinta-feira.

Contudo, relatos de jornalistas da agência France-Presse em Samraong, uma localidade cambojana a cerca de 20 quilómetros da fronteira tailandesa, indicaram que se ouviram disparos de artilharia nas últimas horas.

Uma porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja afirmou que a Tailândia conduziu ataques por volta das 04:50 (22:50 de sábado em Lisboa), próximo de dois templos que são alvo de uma disputa territorial entre os dois países.

No sábado, Trump anunciou que ambas as nações, envolvidas em conflitos relacionados à definição de fronteiras, estavam dispostas a reunir-se para estabelecer um cessar-fogo. O presidente norte-americano revelou nas suas redes sociais que se realizaram conversas produtivas com os líderes cambojano e tailandês e expressou esperança de que eles possam encontrar um entendimento duradouro.

A violência entre Camboja e Tailândia tem raízes profundas e levou a confrontos que, na quinta-feira, envolveram aeronaves, tanques e artilharia, resultando em 33 mortos e mais de 130.000 deslocados, um aumento alarmante de hostilidades desde 2011. O Conselho de Segurança da ONU foi convocado para discutir a situação.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, já condenou a escalada das hostilidades e apelou a um compromisso de paz por parte de ambos os lados, oferecendo-se também como mediador no conflito. Em períodos anteriores de tensões fronteiriças entre Camboja e Tailândia, entre 2008 e 2011, foram contabilizadas 28 mortes.

Além disso, Donald Trump manifestou o seu interesse em avançar em "acordos comerciais com ambas as partes" enquanto se encontra na Escócia, à espera de uma semana decisiva para a sua política económica, com prazos apertados para negociações comerciais.