Comissário europeu da Energia afasta responsabilidade de renováveis pelo apagão na Península Ibérica, elogiando resposta de Lisboa e Madrid à crise que afetou milhões.
Na sequência do apagão que atingiu a Península Ibérica na semana passada, o comissário europeu da Energia, Dan Jørgensen, rejeitou categoricamente a ideia de que o incidente tenha sido causado pela produção de energia renovável. Durante uma conferência de imprensa realizada em Estrasburgo, Jørgensen destacou que “não há razão para acreditar que a interrupção de eletricidade se deve às energias renováveis”.
Jørgensen, em contexto da apresentação de um plano da Comissão Europeia para a redução das importações de energia da Rússia, fez uma comparação significativa: “Muitos países com uma elevada percentagem de energias renováveis têm muito menos tempo de apagão por ano do que aqueles que dependem menos deste tipo de energia”.
O comissário também não poupa elogios às respostas imediatas das autoridades portuguesas e espanholas à crise. “Este foi o pior apagão nas últimas décadas, uma situação muito complexa. O Parlamento Europeu teve a oportunidade de avaliar como a situação foi gerida e agradeceu o empenho dos dois governos na resolução da crise”, referiu Dan Jørgensen.
Em relação às causas do apagão, Jørgensen afirmou que “é ainda muito cedo” para tirar conclusões definitivas. Contudo, garantiu que a Comissão Europeia está a acompanhar a situação de perto e está disposta a oferecer apoio especializado à luz das investigações em curso nos dois países e a nível europeu.
A incidência de um apagão generalizado na semana passada deixou Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade, afetando até algumas regiões da França. As consequências foram drásticas, incluindo o encerramento de aeroportos, congestionamentos nos transportes públicos e estradas congestionadas, assim como a falta de combustíveis.
A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade anunciou a criação de um comitê para investigar as causas do apagão, classificando-o como “excecional e grave”. A organização compromete-se a realizar uma análise detalhada e a apresentar recomendações no seu relatório final sobre o incidente.