Cultura

Arqueologia do Barroso: Uma Viagem Virtual aos Castros

Um projeto inovador visa reviver o património histórico dos castros do Barroso, através de tecnologias não invasivas e envolvimento comunitário.

29/06/2025 08:15
Arqueologia do Barroso: Uma Viagem Virtual aos Castros

Os castros do Barroso, situados entre Boticas e Montalegre, estão a ser alvo de um projeto inovador que visa a sua revitalização. Utilizando técnicas como georradar, magnetómetro e drones, os arqueólogos estão a mapear mais de 50 estruturas antigas neste território ao norte de Vila Real.

O projeto, intitulado 'Ativar - Comunidades locais e as origens da paisagem agrícola do Barroso', procura dar vida a um património que tem sido, de certa forma, esquecido, segundo o arqueólogo João Fonte.

“O objetivo principal é ativar socialmente estes castros, promovendo o seu conhecimento e preservação,” explicou.

Em visita ao castro de Carvalhelhos, que remonta à Idade do Ferro e à época romana, foi possível observar um sofisticado sistema defensivo composto por muralhas e fossos, além de estruturas circulares e retangulares ainda visíveis nas suas plataformas.

O mapeamento é realizado sem escavações, combinando diferentes tecnologias de monitorização. O uso de Lidar permite um levantamento aéreo do terreno, que ajuda a visualização de estruturas ocultas sob a vegetação.

Tiago do Pereiro, especialista em geofísica, também está a trabalhar com um magnetómetro, revelando potencialmente novas descobertas que escaparam a escavações anteriores. “Identificámos sinais que sugerem a existência de um forno, o que é considerado uma descoberta significativa,” afirmou.

A iniciativa é coordenada pela Era Arqueologia em colaboração com os municípios de Boticas e Montalegre, contando com o suporte da Fundação La Caixa. O gestor do projeto, José Carvalho, destacou a intenção de estimular uma ligação mais forte entre a comunidade local e o seu património.

Além disso, o projeto prevê a criação de um 'website' que incluirá um Atlas dos Castros do Barroso, com informações atualizadas, reconstruções virtuais e relatos orais. Este atlas funcionará como um recurso interativo que promete enriquecer o conhecimento sobre esta rica herança cultural.

José Carvalho também anunciou que, até outubro de 2026, pesquisadores irão colaborar com as comunidades para recolher memórias sobre os castros, que poderão se transformar numa nova rota turística. O projeto não só irá revitalizar a identidade cultural da região, como também poderá abrir caminho para futuras escavações.

“Esta é uma oportunidade única para valorizar a história e a memória coletiva do nosso povo,” afirmou Nuno Teixeira, da associação Celtiberus, sublinhando que Boticas possui um potencial inexplorado que deve ser revelado.

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