Álvaro Siza já antecipava exclusão de candidatura a Património Mundial
O arquiteto Álvaro Siza Vieira revelou que já esperava a rejeição da candidatura das suas obras pelo Comité do Património Mundial da UNESCO, considerando a falta de tempo um fator crucial.

O arquiteto Álvaro Siza Vieira comentou hoje, em declarações aos jornalistas, que tinha a expectativa de que a sua candidatura para a inclusão de um conjunto de oito obras no Património Mundial da UNESCO fosse rejeitada. Siza expressou que alertou as pessoas envolvidas no processo, que se dedicaram intensamente a esta iniciativa, de que “isso não daria certo”.
“Essas coisas demoram bastante tempo e o que tem grande peso nas avaliações é o tempo”, explicou o arquiteto, durante uma apresentação organizada pela Câmara do Porto que envolveu um projeto de loteamento para a Avenida da Ponte, uma área para a qual tem apresentado propostas desde 1968.
Siza Vieira sublinhou que o Comité do Património Mundial da UNESCO não aprovaria “uma proposta recente, e ainda mais, quando se trata apenas das suas obras em Portugal”.
O arquiteto lamentou que, em território nacional, apenas possua “ruínas e casinhas” e que a maior parte do seu trabalho reconhecido se encontre fora de Portugal, em países como a Holanda, Alemanha, Itália, Coreia e China.
Na avaliação da candidatura "Obras de Arquitetura de Álvaro Siza em Portugal", o Comité da UNESCO, que encerra hoje a sua 47.ª sessão em Paris, sugeriu que a proposta “seja reconceptualizada” para incluir uma seleção restrita de obras internacionalmente influentes de Siza. O comité também destacou a necessidade de garantir que as obras selecionadas sejam reconhecidas como Monumentos Nacionais.
Além disso, foram apresentadas recomendações sobre “os limites” das obras selecionadas, incluindo a incorporação de “edifícios inteiros” e envolvências que cumpram condições de “integridade” e “proteção adicional”. O comité requer ainda a criação de planos de “gestão de riscos, interpretação, comunicação e manutenção” das obras, assim como uma associação responsável pela gestão global dos projetos.
A candidatura foi coordenada pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e incluía o edifício da FAUP, o Museu de Serralves, o Bairro da Bouça no Porto, a Piscina das Marés, a Casa de Chá da Boa Nova em Matosinhos, o Pavilhão de Portugal em Lisboa, a Igreja do Marco de Canavezes e a Casa Alves Costa em Caminha.
Além da candidatura principal, Portugal também apresentou três relatórios sobre a conservação do Santuário do Bom Jesus em Braga, do Real Edifício de Mafra e do Centro Histórico de Guimarães, entre outros.
O Comité da UNESCO, que analisou e votou candidaturas de países dos cinco continentes, sobre a Convenção do Património Mundial, Cultural e Natural, adotada em 1972, visa "proteger os bens patrimoniais dotados de um valor universal excecional". A 48.ª sessão do Comité da UNESCO terá lugar na cidade de Busan, na Coreia do Sul, em 2026.