Ajuda humanitária em Gaza sob escrutínio da ONU

O dirigente da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, declarou hoje que a recente retomada dos lançamentos aéreos de ajuda humanitária sobre a Faixa de Gaza é uma medida ineficaz para enfrentar a grave crise humanitária que se agrava na região.

Lazzarini sublinhou que esta forma de assistência não é suficiente para combater a fome crescente, considerando-a dispendiosa, ineficaz e potencialmente perigosa para civis já em situação de vulnerabilidade. "Os lançamentos aéreos não vão acabar com a fome que se agrava", afirmou.

Na passada sexta-feira, um oficial israelita anunciou à agência AFP que a distribuição aérea de auxílio humanitário seria reiniciada em breve na Faixa de Gaza, mencionando que os Emirados Árabes Unidos e a Jordânia assumiriam a condução dessas operações.

Com uma deterioração acentuada das condições humanitárias em Gaza, várias organizações internacionais estão a relatar um aumento preocupante da desnutrição infantil. Lazzarini argumentou que "uma fome provocada pelo homem só pode ser resolvida pela vontade política" e pediu que a ONU pudesse intervir de forma ampla e desimpedida na região.

Israel, que está a conduzir operações militares contra o grupo Hamas desde outubro de 2023, enfrenta pressão crescente da comunidade internacional em relação à crise humanitária. Em maio, aligeirou parcialmente o bloqueio rigoroso que tinha sido imposto em março, o qual gerou carências severas de alimentos, medicamentos e outros produtos essenciais.

Em um comunicado oficial, as Forças de Defesa de Israel afirmaram que "não limitam o número de camiões que entram na Faixa de Gaza", acrescentando que as organizações humanitárias internacionais e as agências da ONU não estão a recolher a ajuda, pois esta já está a ser enviada para o território. Apesar disso, muitas entidades humanitárias estão a destacar as restrições que enfrentam, que dificultam a resposta aos crescentes problemas na região, como limitações nos tipos de alimentos que podem ser entregues e pesadas restrições administrativas.

O organismo Cogat, que pertence ao Ministério da Defesa de Israel e supervisiona os assuntos civis nos territórios palestinianos, revelou que há uma carga de 600 camiões à espera de descarregamento por parte das organizações internacionais.

Os Emirados Árabes Unidos, Jordânia, França e outros países participaram em lançamentos de ajuda humanitária para Gaza em 2024, embora estas iniciativas tenham sido alvo de críticas, especialmente devido a incidentes que resultaram em feridos e mortes.