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África No Epicentro das Deslocações Forçadas em Escala Global

há 15 horas

A ACNUR alerta que a crise humanitária em África será responsável por cerca de metade das deslocações forçadas mundiais até ao fim do ano, com países como a RDCongo e Sudão em situações críticas.

África No Epicentro das Deslocações Forçadas em Escala Global

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou que até ao final de 2023, África deverá albergar cerca de metade das deslocações forçadas a nível global. Este fenómeno, resultado de várias crises humanitárias, inclui uma alarmante situação no continente africano, onde mais de 71 milhões de pessoas estão projetadas para abandonar os seus lares até 2025.

Os países da República Democrática do Congo (RDCongo) e do Sudão destacam-se como os mais impactados. Na RDCongo, cerca de nove milhões de indivíduos vivem em deslocação forçada, enquanto que no Sudão a cifra sobe a 13 milhões, conforme os dados do ACNUR.

Em Moçambique, um país de língua portuguesa, a situação também é preocupante devido aos conflitos em Cabo Delgado e a desastres naturais. Neste cenário, 2,2 milhões de pessoas dependem de assistência humanitária. O ACNUR tem estado a oferecer apoio em áreas como saúde e nutrição, além de promover iniciativas de paz.

Segundo o ACNUR, "estamos a falar de pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, muitas delas sozinhas, que não têm abrigo, segurança, água ou alimento suficiente para sobrevivência". A agência sublinhou que, atualmente, existem barreiras significativas que dificultam a prestação de ajuda, incluindo a escassez de recursos financeiros e a insegurança que impede a criação de corredores humanitários adequados.

A situação na RDCongo agrava-se desde o final de 2024, onde estão reportados mais de 7,8 milhões de deslocados internos e cerca de 1,1 milhões de refugiados. O ACNUR também notou um aumento significativo de refugiados congoleses a procura de asilo em países como Burundi e Uganda, uma escalada de 450% em comparação ao ano anterior.

No Sudão, o conflito em curso há dois anos resulta numa crise humanitária sem precedentes. Com cerca de 13 milhões de pessoas deslocadas e quatro milhões a refugiar-se em países vizinhos, a situação é alarmante. Estes países, como o Chade e a Etiópia, já enfrentam desafios significativos e não têm capacidade para ajudar todos os deslocados.

Além disso, o impacto da crise no Sudão está a ser devastador, com mais de 24 milhões de sudaneses, incluindo 15 milhões de crianças, a sofrer de fome extrema e a precisar urgentemente de assistência. O ACNUR recebeu relatos de sérias violações dos direitos humanos, incluindo violência sexual e ataques a campos de deslocados em Darfur, colocando em risco mais de 700 mil pessoas que lá se encontram.

Joana Feliciano, responsável de comunicação e relações externas do ACNUR, enfatizou que "a falta de alimentos, água potável e medicamentos está a transformar uma crise humanitária numa catástrofe total". A urgência em abordar estas crises é crucial para evitar que mais vidas se percam.

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#CriseHumanitária #RefugiadosAfrica #EmergênciaGlobal