Em resposta à crise imigratória de 2018, o Papa e o ex-bispo Robert Prevost implementaram medidas de apoio que transformaram vidas de venezuelanos em Chiclayo, Peru.
Em 2018, o ex-bispo de Chiclayo, Robert Prevost, iniciou um trabalho fundamental em prol dos imigrantes, especialmente após o aumento significativo de venezuelanos que enfrentavam condições precárias. A necessidade de uma rede de apoio humanitário tornou-se evidente.
Víctor Martínez, um venezuelano de 36 anos, partilha que “a ajuda do Papa foi crucial, visto que faltava trabalho, comida e abrigo. Ele foi essencial na assistência aos imigrantes, oferecendo apoio material, espiritual e combatendo a discriminação. Sem a intervenção de monsenhor Robert, a nossa sobrevivência teria sido impossível.”
Víctor vive actualmente, juntamente com a sua mulher e filhos, no albergue San Vicente de Paul, na cidade de Porto Eten, perto de Chiclayo, onde Prevost atuou por oito anos antes de se tornar Papa. Este albergue familiar foi o primeiro a ser estabelecido para acolher imigrantes, e atualmente abriga ainda sete famílias, um número reduzido em comparação com as 14 que habitavam o local no auge da imigração, motivada pela escassez de bens na Venezuela sob o regime de Chávez.
Antes da sua partida para o Peru, Víctor trabalhava com cargas na sua terra natal, mas em território peruano, improvisa nas diversas oportunidades que surgem. Durante um trabalho como pedreiro numa paróquia vizinha, teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o atual Papa, que na altura já se envolvia ativamente com a comunidade.
A pandemia agravou a situação, resultando em um aumento da fome e da precariedade. “Chegámos a um ponto crítico. A criação de um refeitório na paróquia, com o apoio do Papa, foi fundamental,” lembra Víctor.
A professora Lisbeth Díaz chegou também em 2018, quando Chiclayo já era o lar de cerca de quatro mil famílias venezuelanas. A diocese, sob a orientação do bispo Prevost, começou a trabalhar na regularização da situação migratória, permitindo que os imigrantes conseguissem documentos que os habilitassem a trabalhar. Além disso, organizou oficinas para ensinar ofícios aos recém-chegados.
Lisbeth recorda: “Monsenhor Robert viu a realidade de muitos imigrantes a viver nas ruas e a sofrer. Ele preocupou-se genuinamente connosco, realizando inúmeras acções em prol da nossa dignidade e sobrevivência.” Grata pelo suporte recebido, Lisbeth hoje atua na pastoral, ajudando imigrantes com necessidades básicas.
“O Papa é uma pessoa profundamente humana, um verdadeiro missionário. Ele não se limitou a delegar responsabilidades; ele estava sempre presente, ao lado do povo, oferecendo apoio e amor,” explica Lisbeth com emoção.
A ação pastoral voltava-se para a Comissão de Mobilidade Humana e Tráfico de Pessoas, liderada por Yolanda Díaz, uma das 19 membros da organização. Através de reuniões, o bispo encorajou laicos e religiosos a se envolverem, com foco nas situações de vulnerabilidade extrema enfrentadas pelos imigrantes.
O primeiro passo foi mobilizar representantes dos imigrantes para entender melhor as suas necessidades. Em sequência, 14 líderes foram formados para ajudar a gerir as situações identificadas, priorizando a documentação, alimentação e habitação.
Yolanda destaca a falta de políticas favoráveis aos imigrantes no Peru, donde muitos hospitais se recusavam a atender imigrantes em situação crítica. “Monsenhor Robert não tinha um perfil elevado, mas era o elo de ligação com o Estado e outras organizações, escutando atentamente as necessidades da comunidade,” salienta.
Além do albergue em Porto Éten, foram construídas outras dez habitações para apoiar imigrantes, e estabeleceram-se vários refeitórios populares para garantir a alimentação.
Yolanda conclui afirmando que, com o Papa, sentia uma proximidade que não era habitual, o que permitia um diálogo aberto. O papel ativo que monsenhor Prevost desempenhou na vida social da comunidade continua a ser reconhecido por muitos.
O papel executivo na ação social foi assumido pela Cáritas, presidida na altura pelo bispo. O padre José Alejandro Castillo Vera, secretário da organização, comenta que “Monsenhor Robert tinha uma visão diferenciada sobre a espiritualidade. Ele queria que ela se traduzisse em ações concretas e justas. A sua liderança teve um impacto positivo, especialmente em tempos de crise.”