A Grécia suspende análise de pedidos de asilo face à crise migratória
O primeiro-ministro grego justifica a suspensão temporária da análise de pedidos de asilo devido ao aumento significativo de chegadas irregulares do norte de África.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, anunciou a decisão de suspender a análise dos pedidos de asilo para cidadãos provenientes do norte de África, uma medida que será debatida hoje no Parlamento de Atenas.
Em declarações ao jornal alemão Bild, Mitsotakis afirmou que esta decisão é um passo difícil, mas essencial, para lidar com o aumento dos fluxos migratórios. O governo justificou a medida com o crescente número de chegadas irregulares por via marítima, que o ministro das Migrações, Thanos Plevris, classificou como uma "invasão".
O Parlamento grego deverá aprovar formalmente a suspensão do processamento dos pedidos por um período de três meses, afetando particularmente aqueles que chegam à ilha de Creta provenientes da Líbia. Desde o início do ano, cerca de oito mil indivíduos chegaram a Creta, em comparação com quatro mil no ano anterior.
Desde janeiro, mais de 14 mil requerentes de asilo chegaram à Grécia, e em junho as autoridades alertaram que os centros de acolhimento estavam à beira do colapso. Recentemente, mais de 500 migrantes foram interceptados ao largo da costa de Creta e transportados para Lavrion, perto de Atenas, onde deverão ser encaminhados para abrigos no continente.
Plevris, que já foi membro de um grupo político de extrema-direita, declarou que a Grécia "não é um hotel" para requerentes de asilo, enviando uma mensagem clara de que "não são bem-vindos aqui". O ministro sublinhou que é imperativo proteger o território grego contra o que considera ser uma "invasão maciça".
Entretanto, a líder do grupo político de esquerda Cap sur la Liberté, Zoé Konstantopoulou, criticou severamente a decisão, considerando-a uma vergonha e denunciando o governo por enfatizar o racismo no debate político.