14 milhões de crianças sem vacinação em 2024: um alerta global
Apesar da estabilidade na cobertura vacinal, mais de 14 milhões de crianças permanecem sem imunização, segundo a OMS e a UNICEF. A luta contra doenças evitáveis ainda está longe de ser vencida.

De acordo com um recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 14 milhões de crianças não foram vacinadas em 2024, mesmo com a cobertura global de vacinação a manter-se estável.
No ano passado, aproximadamente 115 milhões de crianças receberam pelo menos uma dose da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTP), o que representa um aumento de 171 mil crianças em relação a 2023. Contudo, cerca de 109 milhões conseguiram completar o ciclo de três doses.
A OMS elogiou este progresso, mas sublinhou que há ainda desafios significativos pela frente. “Embora os ganhos sejam modestos, refletem o empenho contínuo das nações para proteger as suas crianças. No entanto, existem quase 20 milhões de crianças que ficaram sem qualquer dose de vacina DTP no ano passado, sendo 14,3 milhões aquelas que nunca foram vacinadas”, referiu a OMS.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou otimismo ao afirmar que “é encorajador ver um aumento no número de crianças vacinadas”, mas reconheceu que “ainda há muito trabalho a ser feito”. Ele alertou que “os cortes significativos na ajuda, juntamente com a desinformação sobre a segurança das vacinas, ameaçam reverter décadas de progresso.”
O relatório revela que, de 195 países analisados, 131 conseguiram vacinar pelo menos 90% das crianças com a primeira dose da vacina DTP. Contudo, em 47 destes países, o progresso tem estagnado ou, em alguns casos, piorado.
Catherine Russell, diretora executiva da UNICEF, reforçou a urgência da situação: “Milhões de crianças ainda estão desprotegidas contra doenças que podem ser prevenidas. Temos de agir com determinação para derrubar barreiras como a redução do financiamento da saúde e a desinformação.”
A diretora-geral da Aliança Global para as Vacinas (Gavi), Sania Nishtar, comentou que, embora os países de baixo rendimento tenham protegido um número recorde de crianças, os desafios como o crescimento populacional e os conflitos continuam a ser obstáculos significativos para garantir a equidade na vacinação.
“O compromisso contínuo dos governos e dos parceiros será crucial para salvar vidas e proteger as comunidades das ameaças de doenças infecciosas”, concluiu Nishtar.