O porta-voz do Livre denunciou a conduta do Chega na Assembleia da República, alertando que a desvalorização do parlamentarismo pode culminar na erosão das democracias.
Rui Tavares, porta-voz do Livre, manifestou hoje a sua preocupação relativamente ao papel do Chega na Assembleia da República, afirmando que o partido de extrema-direita tem vindo a transformar este espaço num local de "má fama e má reputação". Tavares fez estas declarações após uma visita ao Teatro O Bando em Palmela, no distrito de Setúbal, onde o Chega elegeu um deputado nas últimas eleições.
Embora não tenha mencionado especificamente o Chega ou o seu líder, André Ventura, Tavares sublinhou que a forma como este partido usa insultos e provocações no Parlamento é uma estratégia deliberada para rebaixar a importância do parlamentarismo na sociedade portuguesa.
"Estamos a ver uma força política que visa diminuir a dignidade do parlamentarismo, o que não é um fenómeno acidental", declarou. O dirigente do Livre referiu ainda uma situação ocorrida num jogo de futebol em que um líder parlamentar de extrema-direita foi informado de que não estava a agir no contexto adequado para um representante do Parlamento.
Tavares alertou que a erosão do papel da Assembleia da República pode ser um sinal de perigo para as democracias, afirmando: "Quando perdemos o espaço onde a discussão e o entendimento se realizam, os projetos autoritários tornam-se mais potentes."
Em relação à retórica utilizada pelo Chega, que inclui cartazes como "50 anos de corrupção", Tavares advertiu que não devemos encarar essas mensagens como meras denúncias, mas sim como promessas de um futuro sombrio. "Se a extrema-direita pudesse governar, teríamos 50 anos de corrupção garantidos", acrescentou.
Por fim, Tavares defendeu a importância de um parlamentarismo que seja "responsável, original e genuíno" e que busque soluções através do diálogo em vez da hostilidade.