Vladimir Putin defendeu um "acordo equitativo" entre os EUA e o Irão sobre a questão nuclear, prometendo contribuir para o diálogo, segundo o Kremlin.
O Presidente russo, Vladimir Putin, expressou hoje a necessidade de se alcançar um "acordo equitativo" entre os Estados Unidos e o Irão relativo ao programa nuclear iraniano. Esta declaração foi feita após uma conversa telefónica com o seu homólogo iraniano, Massoud Pezeshkian, conforme comunicado do Kremlin.
Durante a ligação, a presidência russa reiterou a sua disposição em facilitar o diálogo que visa um entendimento justo, ancorado nos princípios do direito internacional.
As negociações sobre a questão nuclear foram retomadas em Abril passado, mediadas por Omã, após um hiato de sete anos desde a retirada unilateral dos EUA do Acordo Nuclear de 2015, durante o mandato de Donald Trump.
Esta volta às conversações surge num contexto de tensões crescentes, com o Irão a enriquecer urânio em níveis alarmantes e os EUA a intensificarem a sua presença militar na região.
Na segunda-feira, Abbas Araghchi, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, instou Washington a evitar exigências consideradas "irrealistas". "Concluir um acordo é totalmente viável, desde que se evitem posições descabidas", afirmou Araghchi durante uma chamada com a responsável pela política externa da UE, Kaja Kallas.
No final de Abril, Benjamin Netanyahu, Primeiro-Ministro de Israel e aliado de Trump, apelou à administração americana para que adotasse uma posição que impeça o Irão de enriquecer urânio e desenvolver mísseis balísticos.
Trump, que se encontra novamente no centro das atenções, aplicou uma política de "pressão máxima", exigindo a erradicação completa do programa nuclear iraniano. Contudo, mostrou-se disposto a considerar argumentos a favor de um programa nuclear civil que não leve à proliferação de armas.
As conversações, sob a mediação de Omã, enfrentaram diversos altos e baixos, sendo que a quarta ronda de negociações, agendada para Roma, foi indefinidamente adiada devido a novas sanções impostas pelos EUA contra o Irão, sob acusações de apoiar milícias no Iémen.
Neste contexto, o Irão manifestou a sua vontade de continuar as negociações, reiterando o seu compromisso com um programa nuclear pacífico e a necessidade de levantamento das sanções económicas.
A Rússia, como mediadora, tem interesses estratégicos na região, incluindo acordos energéticos com o Irão, e tem adotado uma postura crítica em relação à política externa dos EUA. A intervenção de Putin sinaliza a tentativa da Rússia de solidificar sua influência geopolítica e evitar uma escalada militar que poderia desestabilizar ainda mais o Médio Oriente.