Parto na rua: Erro na triagem da Saúde 24 leva ao nascimento inesperado
Uma mulher deu à luz na rua após ser aconselhada a ir para o hospital de carro. SNS reconhece falha na triagem e Ordem dos Médicos exige esclarecimentos sobre a situação.

No passado dia 11 de agosto, Soraia, uma jovem de 28 anos, viveu um momento extraordinário ao dar à luz no Carregado, em plena via pública. A grávida, que era considerada uma doente de risco por já não ter um rim, começou a sentir contrações pela manhã enquanto se encontrava com os pais numa pastelaria. A família rapidamente contactou a Linha de Saúde 24, onde foi informada de que deveriam dirigir-se ao hospital de carro, em vez de receberem uma ambulância, situação que se revelou fatal.
Na terça-feira, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) admitiram um "erro humano" na triagem que levou a que a chamada não fosse direcionada para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). A averiguação preliminar indicou que a chamada foi atendida em apenas 17 segundos, mas a triagem realizou-se de forma inadequada.
O comunicado oficial da SPMS revela que a chamada foi atendida por um enfermeiro, mas não foi corretamente encaminhada. Embora a triagem tenha demorado cerca de quatro minutos, a situação deveria ter sido tratada como uma emergência. Como resultado, Soraia deu à luz antes que qualquer ajuda médica pudesse chegar.
Após o nascimento da bebé, os pais da jovem contataram diretamente o 112, que enviou uma ambulância, mas os primeiros socorristas chegaram apenas após o parto já ter ocorrido. Tanto a mãe quanto a recém-nascida foram posteriormente transportadas para o Hospital de Santarém, onde receberam os cuidados necessários.
Face a este incidente, a ministra da Saúde pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que iniciasse um inquérito para apurar as causas e a assistência prestada, bem como a atuação da Linha de Saúde 24 e do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
A Ordem dos Médicos também exigiu esclarecimentos sobre este caso, classificando-o como "inadmissível" e manifestando a necessidade de investigar rigorosamente as circunstâncias que levaram a este desfecho. O objetivo é garantir que falhas deste tipo não voltem a ocorrer no futuro.