ONU exprime profunda preocupação face ao elevado número de feridos em Gaza
A ONU manifestou-se alarmada com os milhares de feridos na Faixa de Gaza que tentam obter alimentos, instando Israel a facilitar a ajuda humanitária.

A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou hoje a sua profunda preocupação em relação aos dados alarmantes que revelam milhares de feridos na Faixa de Gaza, onde as pessoas enfrentam enormes dificuldades para aceder a alimentos. Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, António Guterres, informou que, entre 27 de maio e 08 de agosto, o hospital de campanha da Cruz Vermelha em Rafah recebeu mais de 4.500 pacientes feridos. A maioria destes ferimentos ocorreu enquanto tentavam chegar a pontos de distribuição de alimentos.
Durante a sua comunicação, Dujarric sublinhou que muitos feridos relatam ter sido esmagados pela multidão ou agredidos, com os seus bens a serem roubados logo após receberem ajuda. Ele criticou as circunstâncias em que os palestinianos que buscam auxílio humanitário se tornaram vítimas de violência, incluindo mortes. Desde 27 de maio, a ONU tem documentado que pelo menos 1.760 palestinianos perderam a vida durante tentativas de obter ajuda, a maioria das quais devido a disparos das forças armadas israelitas.
A ONU também denunciou que a instalação de pontos de distribuição de alimentos, promovida por Israel e apoiada pelo Fundo Humanitário de Gaza, não tem sido suficiente, e que os atrasos e impedimentos na entrega de ajuda têm dificultado a assistência humanitária. Dujarric indicou que na quinta-feira, apenas cinco das doze operações agendadas puderam ser concluídas sem entraves.
A situação alimentar em Gaza é crítica, com o aumento do custo dos alimentos e a subida dos preços da energia. Muitos residentes, devido à escassez de gás e lenha, estão a utilizar resíduos para cozinhar, o que representa um risco à saúde e ao meio ambiente.
A ONU exigiu a permissão para realizar uma entrega em larga escala de ajuda humanitária através de mecanismos comunitários, a fim de mitigar o sofrimento da população. Dujarric adiantou que se a ofensiva militar israelita se mantiver ou intensificar, as consequências serão ainda mais devastadoras, prolongando o sufrágio das cerca de 50 pessoas mantidas como reféns, das quais acredita-se que 20 ainda estejam vivas.
A ofensiva militar de Israel começou após os ataques do grupo Hamas em 07 de outubro de 2023, que, provocaram cerca de 1.200 mortes no sul de Israel e deixaram aproximadamente 250 reféns nas mãos do grupo. Desde o início das operações militares, mais de 61 mil mortos foram reportados em Gaza, acrescendo à destruição quase total das infraestruturas da região e ao deslocamento forçado de centenas de milhares de pessoas. A ONU tem alertado regularmente para a iminente situação de fome no enclave, que permanece sob bloqueio humanitário.