O Ministério dos Negócios Estrangeiros lança inquérito a uma funcionária suspeita de colaborar com um grupo que facilita a imigração ilegal, segundo a Polícia Judiciária.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) iniciou um inquérito interno a uma funcionária suspeita de estar envolvida na ajuda a uma rede de imigração ilegal. Esta informação foi avançada por uma fonte oficial à agência Lusa, que descreveu a colaboradora como "uma toupeira" a partir de uma investigação da Polícia Judiciária (PJ).
A Inspeção-Geral Diplomática e Consular está a conduzir este inquérito que corre em paralelo com a investigação judicial em curso. Contudo, os detalhes específicos ainda não foram revelados.
A PJ anunciou a desarticulação de um alegado grupo criminoso, responsável por facilitar a entrada de milhares de imigrantes ilegais, oriundos principalmente do Brasil e da Índia. Este grupo contava com a colaboração da funcionária do MNE, que, segundo Avelino Lima, diretor da PJ do Centro, tinha um "papel fundamental" na validação de documentos falsos.
Na operação, que culminou na detenção de 13 indivíduos — sete homens e seis mulheres, incluindo empresários e uma advogada — foram realizadas 40 buscas em várias localidades portuguesas, como Coimbra, Lisboa e Loures.
A investigação indicou que os imigrantes eram aliciados através de redes sociais com promessas de facilitação de processos de legalização mediante pagamento. Os serviços oferecidos incluíam a obtenção de contratos de trabalho, números fiscais e de segurança social, além de contas bancárias e atestados de residência.
Os investigadores apreenderam um vasto conjunto de documentos, veículos de alto valor e quantias significativas, cerca de um milhão de euros, em dinheiro. Além disso, foram encontrados artigos relacionados com a falsificação de documentos e até produtos adquiridos com ganhos de atividades ilícitas.
O Gabinete de Recuperação de Ativos também interveio, arrestando propriedades e congelando contas bancárias, com o objetivo de dificultar a continuidade das atividades do grupo. A investigação prossegue e novas detenções são esperadas.