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Fundação Humanitária para Gaza alerta para a "pressão incessante" sobre trabalhadores

John Acree, diretor da GHF, denuncia as ameaças do Hamas a colaboradores e suas famílias, sublinhando a grave crise humanitária na Faixa de Gaza.

20/08/2025 23:06
Fundação Humanitária para Gaza alerta para a "pressão incessante" sobre trabalhadores

John Acree, diretor executivo da Fundação Humanitária para Gaza (GHF), manifestou-se hoje sobre a grave situação enfrentada pelos seus colaboradores no território. Segundo Acree, os responsáveis locais na Faixa de Gaza estão sujeitos a "intimidações constantes" e a uma "enorme pressão" por parte do Hamas, que já entrou em contacto com as famílias destes trabalhadores, exigindo que abdiquem das suas funções ou enfrentem severas consequências.

No decorrer de um vídeo, Acree revelou que muitos dos colaboradores da GHF foram forçados a deslocar as suas famílias várias vezes para evitar represálias. Lembrou que o governo de Gaza, sob controlo do Hamas, impôs penas de morte àqueles que fossem apoios da sua organização.

A GHF opera atualmente quatro pontos de distribuição em Gaza, embora apenas três estejam efectivamente operacionais, com o objetivo de fornecer alimentos à população. Este sistema, implementado após a reorganização promovida por Israel em maio, substitui as centenas de pontos geridos pela ONU, alegando que a ajuda humanitária estava a ser absorvida pelo Hamas.

Contudo, os pontos de ajuda estão localizados em áreas fortemente militarizadas, criando barreiras de acesso para muitos habitantes, que são obrigados a caminhar longas distâncias e a lidar com as forças israelitas que, ao sentirem-se ameaçadas, abriram fogo — um cenário que já custou a vida a centenas de pessoas, conforme apontado pelas autoridades de Gaza.

Acree reconheceu que a actual rede de distribuição de alimentos é "insuficiente" e que a sua equipa opera sob uma constante ameaça de "morte, assédio às famílias e vandalismo nas suas residências". Ele mesmo afirmou ser alvo das mesmas intimidações.

Defendendo a eficácia da GHF, Acree criticou a desinformação que rodeia as suas operações, afirmando que a fundação laborava em um ambiente hostil, "alinhado com o Hamas", e acusou o grupo islâmico de ter aproveitado a assistência humanitária que antes era administrada pela ONU.

Até este momento, mais de 2.000 pessoas perderam a vida na Faixa de Gaza enquanto tentavam aceder a ajuda humanitária desde o início do conflito em outubro de 2022, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza.

Conforme a Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar utilizada pela ONU, Gaza atingiu já dois dos três critérios que definem a fome: o colapso do consumo alimentar e a desnutrição severa.

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