Falece Antónia de Sousa, ícone do jornalismo e defensora dos direitos das mulheres, aos 84 anos

Antónia de Sousa, uma notável figura do jornalismo português, faleceu esta manhã em Cascais aos 84 anos, conforme informou à agência Lusa o seu filho. Nascida a 22 de julho de 1940 em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia, Antónia destacou-se como coautora da revolucionária série televisiva 'Nome Mulher', que explorou a condição feminina após o 25 de Abril, em colaboração com Maria Antónia Palla. Este programa, emitido entre 1974 e 1976 e atualmente acessível online, provou ser controverso ao abordar temas como o aborto e a emancipação das mulheres em Portugal.

Com uma vasta experiência na imprensa escrita, Antónia de Sousa trabalhou em publicações de prestígio como o Diário de Notícias, Diário de Lisboa e Diário Popular. Na década de 1960, integrou a redação majoritariamente masculina do Diário de Lisboa, a qual considerou uma verdadeira escola, como recordou em entrevista à Antena 1 em 2000. Ela expressou a sua visão sobre o jornalismo, destacando a importância da entrevista como um ato de sedução e de mostrar o potencial humano.

Além do seu trabalho em televisão, a jornalista publicou o livro 'O Mercado do Trabalho e a Mulher' em 1971, bem como 'Diálogos com Agostinho da Silva. O Império Acabou. E Agora?' e 'As Mulheres na Vida de Honoré de Balzac'. A sua abordagem ao feminismo era única, defendendo a condição da mulher sem se filiar a movimentos, mas tratando-a como um ser humano com plenas capacidades.

O velório de Antónia de Sousa ocorrerá na próxima sexta-feira às 16h30 na Basílica da Estrela, em Lisboa. No dia seguinte, será celebrado um serviço religioso às 10h30 antes do funeral e cremação, conforme seu último desejo, no Cemitério dos Olivais.