Empresário dos media de Hong Kong apresenta alegações finais em julgamento emblemático
O ex-fundador do Apple Daily, Jimmy Lai, enfrenta alegações finais em tribunal, podendo ser condenado à prisão perpétua sob a controversa lei de segurança nacional imposta por Pequim.

O tribunal de Hong Kong está a conduzir, esta manhã, as alegações finais do julgamento de Jimmy Lai, antigo fundador do jornal pró-democracia Apple Daily. Com 77 anos, Lai foi detido em 2020, sob a nova legislação de segurança nacional imposta por Pequim, após os protestos de 2019 na região.
Lai enfrenta graves acusações de conluio com forças estrangeiras para comprometer a segurança nacional e conspirar para a divulgação de material sedicioso. O julgamento, que se prolonga há quase seis meses, muito além dos 80 dias inicialmente previstos, tem gerado amplas preocupações sobre a liberdade de imprensa e a autonomia judicial em Hong Kong.
Embora ainda não se saiba quando será proferido o veredicto, o procurador do Ministério Público, Anthony Chau, apresentou argumentos esta manhã sobre as acusações, afirmando que as sanções deveriam abranger indivíduos e não apenas Estados. Chau planeia prosseguir com questões de princípio ao longo da tarde, culminando com a sua declaração final na próxima terça-feira.
No seu primeiro depoimento, Lai negou ter solicitado a intervenção de figuras políticas dos Estados Unidos, como o então vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado Mike Pompeo, durante os protestos de 2019.
Apesar disso, durante a sua defesa, Lai reconheceu ter discutido com Pompeo a possibilidade de sanções contra líderes da China e de Hong Kong, mas asseverou que não incentivou tais ações após a implementação da lei de segurança nacional.
As alegações finais do processo foram adiadas duas vezes, uma devido a condições climáticas e outra por questões de saúde, sendo que Lai foi hospitalizado devido a problemas cardíacos na prisão, situação que levou os juízes a exigir um acompanhamento médico mais atento.
No entanto, o governo de Hong Kong contestou as críticas de organizações internacionais sobre o tratamento de Lai, reafirmando que recebeu os cuidados médicos necessários e que não apresentava anomalias de saúde após um exame recente.
Ao entrar no tribunal, Lai acenou e sorriu para os apoiantes, apesar da pressão que a sua detenção prolongada em condições de isolamento tem gerado internacionalmente. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou anteriormente a intenção de interceder pela libertação de Lai, embora tenha esclarecido, numa recente entrevista, que o seu foco é discutir o assunto e não garantir pessoalmente a sua libertação.
A China, por sua vez, criticou Lai por fomentar um clima antichinês em Hong Kong e reiterou a sua oposição a qualquer interferência externa nos seus assuntos internos.