Associação de Dadores de Sangue Contestam Benefícios Exclusivos para Jovens

A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (Fepodabes) manifestou descontentamento em relação à campanha do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), que oferece estadias gratuitas em Pousadas da Juventude aos jovens que doarem sangue. O presidente da federação, Alberto Mota, sublinhou que este tipo de iniciativa, que se dirige aos jovens entre 18 e 30 anos, desvaloriza os dadores regulares que não recebem nenhum reconhecimento.

Na promoção, que circula nas redes sociais através do "Cartão Jovem", afirma-se que os jovens doadores terão direito a uma noite nas Pousadas de Juventude, enquanto os dadores veteranos continuam a ser ignorados pelo IPST. Mota considera que a entidade tem "dois pesos e duas medidas", ao favorecer os jovens com incentivos materiais, deixando de lado os que doam de forma regular.

O presidente da Fepodabes recordou que a dádiva de sangue é um ato voluntário e não deve ser convertido em mera troca de benefícios. "Não aceito que o IPST prejudique os dadores que, em 2011, perderam o direito de se ausentar do trabalho no dia em que doam sangue", afirmou Mota, lamentando a falta de uma estratégia eficaz para aumentar as reservas de sangue no país.

A federação também fez referência a uma petição, que foi assinada por aproximadamente 7.600 pessoas, para restituir o direito à dispensa de serviço no dia da dádiva de sangue, direito que o IPST aparentemente desconhece. Mota ainda frisou que este reconhecimento é crucial, uma vez que a escassez de profissionais de saúde e de postos de colheita tem afetado a capacidade de doação.

O presidente da Fepodabes também mencionou que, embora em certas regiões, como na Madeira, os dadores tenham direito a esse dia, no continente, os dadores são tratados de forma desigual. Mota exortou o IPST a convidar representantes do movimento associativo e hospitais para elaborar uma estratégia que beneficie todos os dadores, ao invés de adotar medidas pontuais.

A agência Lusa tentou entrar em contacto com o IPST, mas até ao momento não obteve nenhuma resposta.