Tech

A Visapress Defende Transparência nos Algoritmos de IA

Carlos Eugénio, da Visapress, destaca a necessidade de maior transparência nos algoritmos de IA e compara a tecnologia a uma máquina de escrever.

29/06/2025 11:20
A Visapress Defende Transparência nos Algoritmos de IA

Durante uma entrevista à Lusa, Carlos Eugénio, o diretor executivo da Visapress, expressou a sua preocupação sobre a falta de transparência nos algoritmos de inteligência artificial (IA). Segundo ele, é crucial que se torne evidente a forma como estes sistemas operam e como recolhem dados.

A IA, na sua essência, oferece novas perspectivas para os utilizadores, especialmente no que diz respeito a pesquisas e acessos à informação. Contudo, coloca questões importantes sobre a fiabilidade e veracidade dos conteúdos gerados. “É necessário questionar se a informação que a IA produz é credível e verdadeira”, referiu Eugénio.

O diretor da Visapress enfatizou que “os algoritmos de IA são concebidos por seres humanos”, o que inevitavelmente insere um viés ao processo. Esse viés pode influenciar a qualidade e a natureza do conteúdo apresentado. Para criar conteúdos de excelência, a IA necessita de vastas quantidades de dados, e a falta de clareza em como esses dados são utilizados é preocupante.

A ausência de transparência está a ser discutida na Europa, onde se procura definir um regulamento para a IA que estabeleça diretrizes claras. Portugal e Espanha já se manifestaram sobre esta questão, enviando uma carta a Bruxelas a exigir um maior nível de transparência, com o objetivo de apurar se é necessário licenciar os responsáveis por estes algoritmos.

“Acredito que para a produção de conteúdos de qualidade, os algoritmos necessitam de acesso a informação noticiosa relevante, especialmente considerando as rigorosas normas em vigor na produção de conteúdos”, afirmou Eugénio. Este contexto é ainda mais relevante para os conteúdos em língua portuguesa, onde as regras existentes garantem um padrão elevado de qualidade.

Atualmente, não existe em Portugal nenhuma entidade licenciada para utilizar algoritmos de inteligência artificial. Apesar de um acordo com a Microsoft, Carlos Eugénio sublinha que as expectativas ainda não foram totalmente atendidas e é necessário aguardar pela aplicação das novas diretrizes legais que estão a surgir a partir da Europa.

Além disso, a falta de diálogo com certas plataformas dificulta a monitorização e a legalidade da utilização dos conteúdos, uma situação que tem vindo a ser uma preocupação crescente. “Acreditamos que a exigência de transparência ajudará a entender como os conteúdos estão a ser utilizados e como poderão ser devidamente remunerados”.

Quando questionado sobre a possibilidade de a IA ter direitos de autor, Carlos Eugénio foi claro: “Sem a intervenção humana, não pode haver autoria. A origem deve sempre estar ligada a um ser humano”. Para ele, a IA é uma ferramenta comparável a uma máquina de escrever: “evoluída, sem dúvida, mas ainda assim uma ferramenta que acelera o processo de criação”.

Em conclusão, Eugénio acredita que o controlo humano sobre a tecnologia garante que o autor é sempre quem a utiliza, seja uma IA ou uma máquina de escrever, mantendo a titularidade sobre o conteúdo produzido.

#TransparênciaIA #InteligênciaArtificial #DireitosAutorais