Universitários transformam habitação em Sever do Vouga através de projeto solidário
Um grupo de estudantes universitários em Sever do Vouga dedica as suas férias a reabilitar uma casa degradada, promovendo a dignidade e qualidade de vida no âmbito do projeto Habitação Solidária VIDA.

No distrito de Aveiro, uma pequena casa, até então em estado de degradação, inicia um novo capítulo graças ao empenho de um grupo de estudantes universitários que decidiram sacrificar parte das suas férias de verão por uma causa solidária.
Durante um período de duas semanas, estes jovens dedicam-se incansavelmente à recuperação da habitação, com o intuito de proporcionar melhores condições de vida a quem ali reside. A ação faz parte do projeto Habitação Solidária VIDA, liderado pela Fundação Mão Amiga, com o apoio da Câmara Municipal e da Universidade de Aveiro (UA).
Por volta das 08h30, os estudantes, muitos deles do curso de Engenharia Civil da UA, chegam ao local da obra numa carrinha da autarquia, equipados com capacetes e luvas. Após algumas discussões sobre as tarefas a realizar, o mestre-de-obras chega com os materiais necessários, como areia, dando início aos trabalhos.
Com uma equipa composta por seis rapazes e duas raparigas, os estudantes dividem-se em grupos para maximizar a eficiência. Enquanto uns trabalham na aplicação de massa para rejuntar as pedras da parede exterior, outros instalam um teto falso na cozinha, sempre sob a supervisão do mestre Nuno Simões.
Afonso Carreira, um dos voluntários e estudante de Bioinformática Clínica, partilha que sempre teve gosto por atividades de voluntariado, mas esta é a sua primeira experiência em construção. Com um olhar bem-humorado, refere que foi motivado pelos conselhos dos pais: "Eles diziam que, para conhecer a vida, tinha de trabalhar em obras".
Renata Alencar, finalista em Gestão, Planeamento e Turismo, também exprime entusiasmo pela nova experiência. "Nunca tinha feito algo semelhante e decidi arriscar", diz, destacando o que já aprendeu sobre a construção e a aplicação de massa.
À medida que a obra avança, Nuno Simões, o mestre-de-obras, comenta sobre o ritmo intenso da equipa, que trabalha frequentemente até ao cair da noite, com o objetivo de concluir a obra dentro do prazo estabelecido.
Hugo Rodrigues, professor de Engenharia Civil da UA, realça a importância deste projeto na formação prática dos alunos, permitindo-lhes desenvolver competências e fazer a diferença. "Conseguimos mobilizar um número significativo de voluntários, mesmo aqueles com planos para as férias," acrescenta.
Desde 2009, a Fundação Mão Amiga já reabilitou 41 casas em Sever do Vouga, impactando positivamente a vida de muitas famílias carenciadas. Edite Matos, presidente da Fundação, reforça a ideia de que a reabilitação vai além da estrutura física, incluindo também um acompanhamento psicológico e social.
A casa em reabilitação pertence a um homem de 51 anos que vive sozinho e, sem o apoio do projeto, nunca conseguiria financiar as obras necessárias. "As condições em que vivia eram precárias, e esta reabilitação vai melhorar significativamente a sua qualidade de vida", explica Edite Matos.
O presidente da Câmara Municipal, Pedro Lobo, sublinha a relevância deste projeto, com planos de replicar a iniciativa em outras áreas do concelho, visando melhorar a qualidade de vida de mais sevérenses.
Os estudantes trabalham de segunda a sábado, aproveitando os domingos para atividades de convívio e lazer na natureza, culminando com um arraial solidário no final do programa. Todo o apoio necessário, como alojamento, alimentação e ferramentas, é assegurado pela autarquia.