A nova proposta de reforma fiscal dos republicanos recebeu aplausos de Trump e críticas ferozes dos democratas, que a consideram um ataque ao bem-estar dos mais pobres.
O Presidente Donald Trump expressou grande satisfação com a apresentação de uma nova legislação fiscal pelos republicanos no Congresso, estimando um impacto financeiro de 3,9 biliões de dólares (3,5 biliões de euros). Jason Smith, presidente do Comité de Meios e Recursos, assegurou a jornalistas que o foco é trazer "alívio para as famílias trabalhadoras e para os americanos que padecem com a inflação" durante a administração de Joe Biden.
Em contrapartida, Hakeem Jeffries, líder da minoria democrata na Câmara, denunciou o projeto como um "golpe fiscal", destacando que os maiores beneficiários seriam 1% dos cidadãos mais ricos, o que, na sua visão, é uma medida inaceitável. "Estão a planear financiar isto com novas dívidas e cortes profundos em assistência médica", afirmou Jeffries em conferência de imprensa.
A pressão de Trump sobre os republicanos é visível, pois pretende que esta "grande e bela lei" avance rapidamente. O pacote inclui um dos pilares da sua campanha, a extensão das isenções fiscais do seu primeiro mandato, que se extinguem no final do ano. Contudo, uma análise independente do Congresso adverte que essa extensão pode aumentar o défice federal em mais de 4,8 biliões de dólares (4,3 biliões de euros) na próxima década.
Ainda que os republicanos dominem ambas as câmaras, há divisões internas sobre a proposta. Comités na Câmara dos Representantes discutem as medidas antes de votarem. Em busca de equilibrar o orçamento, os republicanos planeiam eliminar incentivos fiscais para energias renováveis e realizar cortes significativos no Medicaid, o programa de saúde que apoia mais de 70 milhões de americanos. Essas medidas podem ameaçar a cobertura de saúde de milhões de cidadãos, segundo análises de agências imparciais.
A proposta inclui isenções de impostos sobre gorjetas, horas extraordinárias, veículos fabricados nos EUA e benefícios de Segurança Social, além de um aumento das isenções fiscais para idosos e famílias com crianças. No entanto, moderados do partido expressam temor de que esses cortes no Medicaid e eventuais reduções no programa de assistência alimentar SNAP possam afetar as suas chances eleitorais nas próximas eleições de 2026.
Por outro lado, os ultraconservadores consideram os cortes insuficientes, e ambos os grupos dentro do partido ameaçam não apoiar a medida. Com uma maioria escassa de apenas sete votos na Câmara, os líderes republicanos enfrentam um desafio considerável para chegar a um consenso. Adicionalmente, a proposta original não contempla um aumento de impostos para rendimentos superiores a 5 milhões de dólares (4,5 milhões de euros) por ano, outra medida que Trump desejava incluir.
Os legisladores continuarão a alterar a lei antes da sua tomada de decisão no plenário da Câmara nos próximos meses. O objetivo é que o projeto seja aprovado por ambas as câmaras até ao Memorial Day, a 26 de maio, e esteja pronto para a assinatura de Trump antes do Dia da Independência, a 4 de julho.