O Presidente francês Emmanuel Macron classificou de "vergonhoso" o bloqueio de ajuda em Gaza, alertando para a possibilidade de rever acordos com a União Europeia em consequência da situação.
O Presidente da França, Emmanuel Macron, expressou hoje a sua profunda desaprovação face à atuação do Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, considerando "inaceitável" o bloqueio de assistência humanitária em Gaza. Macron descreveu a situação atual como "uma vergonha" e indicou que a proposta de rever os acordos de cooperação entre a União Europeia e Israel está "em aberto".
Durante um programa especial transmitido no canal TF1, em que respondeu a diversas questões dos cidadãos franceses, Macron sublinhou que "não compete a um Presidente declarar genocídio, mas sim aos historiadores". Ele explicou a gravidade da situação, indicando que "não há água, nem medicamentos, e a evacuação dos feridos é impossível".
Macron relembrou que foi uma das poucas figuras políticas a visitar a fronteira entre o Egito e Gaza, descrevendo a experiência como "uma das piores coisas que já viu". O presidente lamentou que a ajuda enviada por vários países, incluindo a França, esteja a ser obstruída pelas autoridades israelitas.
Sobre a possibilidade de sanções contra Israel, Macron apontou que a questão da revisão dos acordos de cooperação entre a União Europeia e Telavive, particularmente na área de direitos aduaneiros, está "em aberto". "Não podemos ignorar a realidade do que está a acontecer", enfatizou Macron, referindo-se à ofensiva militar israelita em Gaza.
O Presidente francês também recordou que o Governo da Holanda foi o primeiro a questionar se Israel estaria a infringir o acordo de associação com a UE, especialmente no que respeita ao respeito pela legislação internacional humanitária. No dia 20 de maio, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE irão debater esta questão.
A atual ofensiva de Israel começou após um ataque do grupo radical palestiniano Hamas no sul de Israel a 7 de outubro de 2023, que resultou em cerca de 1.200 mortos e 250 reféns. A retaliação de Israel em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, já provocou mais de 52.900 óbitos. Desde o recomeço da ofensiva em março, Israel mantém um bloqueio à entrada de ajuda humanitária no território gazaí, ignorando os apelos de organizações internacionais, como a ONU, para evitar uma crise humanitária.