Líbano toma medida histórica ao decidir desarmar o Hezbollah
O governo libanês recebeu elogios internacionais pela ousada decisão de desarmar o Hezbollah, que poderá levar o país a alcançar a soberania plena, apesar da resistência do movimento xiita.

Jean-Noël Barrot, o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, expressou a sua aprovação pela "decisão corajosa e histórica" do Líbano em desarmar o Hezbollah. Numa declaração na rede social X, Barrot salientou que esta decisão representa a força de um Estado que busca consolidar o monopólio da força legítima, assegurando assim a proteção de todas as comunidades e a recuperação de um país ainda a ressarcir-se das cicatrizes da guerra e da crise económica.
No entanto, a delicada questão do desarmamento continua a ser debatida pelo governo libanês, que se reuniu novamente hoje. O movimento xiita, por seu turno, já rejeitou a proposta de depor as armas, criando um cenário complicado à medida que a pressão dos Estados Unidos aumenta e crescem os receios de um agravamento dos conflitos com Israel.
O governo libanês, seguindo instruções recentes, encarregou o Exército de elaborar um plano de desarmamento devido a um acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos, que pôs fim a um ano de confronto entre o Hezbollah e Israel. Este plano prevê não apenas o desarmamento do Hezbollah, mas também a retirada israelita do sul do Líbano.
Porém, os ministros xiitas, incluindo membros do Hezbollah e do aliado Amal, abandonaram a reunião em protesto. A ministra do Ambiente afirmou que antes de qualquer desarmamento, o governo pretende primeiro garantir um cessar-fogo eficaz e a retirada das tropas israelitas.
Israel, apesar do cessar-fogo, mantém operações no Líbano, argumentando que o Hezbollah continua a ser uma ameaça. Bombardeios recentes resultaram em várias vítimas, sublinhando a fragilidade da situação na região.
O Hezbollah, enfraquecido pela recente guerra com Israel, criticou a decisão do governo, considerando-a um "pecado grave" e anunciou que não irá acatar a ordem de desarmamento. A escalada do conflito continua a influenciar a dinâmica política e social no Líbano.